Alijó: «Falta de profissionalismo» - TVI

Alijó: «Falta de profissionalismo»

  • Portugal Diário
  • 25 jan 2008, 18:43
INEM [arquivo] - Foto Lusa

Se «vítima estivesse viva, não teria sido assistida atempadamente»

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A Ordem dos Médicos (OM) considera que a demora no socorro a um homem de Castedo (Alijó) demonstra «a falta de profissionalismo, organização e coordenação de todo o sistema de emergência», escreve a Lusa.

Em comunicado, a OM sublinha não haver razões para «pânico generalizado», mas defendeu que se a «vítima de Alijó ainda estivesse viva e em risco de vida, não teria sido assistida atempadamente».

António Moreira, 44 anos, faleceu na madrugada de terça-feira, na sua casa em Castedo do Douro, concelho de Alijó, depois de uma queda, em que terá batido com a cabeça, e que o terá deixado a sangrar.

Duas horas depois

A família acusa o INEM, sustentando que a viatura médica de emergência e reanimação (VMER) só chegou à aldeia «duas horas depois do pedido de ajuda».

Contactada pela Lusa, fonte do INEM referiu que o pedido de socorro foi feito por volta das «03:40» e que, logo nesse primeiro contacto, a família já avançava que o homem estaria morto.

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A viatura de emergência demorou, segundo o INEM, «40 minutos a chegar» e, segundo António Fontinha, «50 minutos» até chegar perto da vítima, tendo apenas confirmado o óbito.

Duração e conteúdo dos telefonemas

No comunicado, a OM refere que a «enorme duração e o conteúdo dos telefonemas [entre o INEM e os bombeiros] demonstram a falta de profissionalismo, organização e coordenação de todo o sistema de emergência».

Lê-se ainda no texto que a conversa «surrealista» entre INEM e bombeiros e a morte do homem de Alijó confirmam a «justeza e pertinência» das preocupações já expressas quanto ao «estado e aos graves problemas da assistência em Portugal em situações de urgência e emergência».

País real

«Confirma-se que o país real é bem diferente do país ideal pintado por alguns», acusa a OM, instando à tomada de medidas no futuro para resolver questões como «as falhas inaceitáveis na cadeia de socorro», as «fragilidades de comunicação de todo o sistema de emergência» e a «falta de integração e coordenação entre o INEM e a Protecção Civil».

A Ordem também refere que o encerramento dos Serviços de Atendimento Permanente «deixa muitas populações sem qualquer alternativa de assistência em situação de urgência e emergência» e sublinha «não estarem a ser cumpridos os pressupostos» da Comissão de Reforma das Urgências para casos de encerramento de serviços.

É ainda referido que não existe conhecimento público de uma análise da importância dos tempos de espera feita pelas autoridades, que os portugueses estão muito mais longe dos serviços de urgência que os divulgados e que redes Nacionais de Ambulâncias e de Emergência Pré-Hospitalar devem ser «imediatamente discutidas e criadas».

Para a OM, a decisão do INEM em colocar uma ambulância de Suporte Básico de Vida em Alijó «apenas depois da pressão da comunicação social confirma que as decisões são tomadas de forma casuística, errática e reactiva por parte do Ministério da Saúde».

Quinta-feira, o INEM anunciou a colocação, no último trimestre deste ano, de uma ambulância SBV no concelho de Alijó, cujo serviço nocturno do SAP foi encerrado a 27 de Dezembro.
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