As obrigações portuguesas estão em queda, colocando os yields (rentabilidade exigida pelos investidores para comprar dívida nacional) à maior distância das obrigações alemãs (referência para a Europa) dos últimos 13 meses.
A culpa é do suspeito do costume: a Grécia. O país admitiu a possibilidade de activar o plano de ajuda da Zona Euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI) ainda antes de as conversações terminarem e os receios dos investidores reacenderam-se.
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O prémio que os investidores exigem para comprar dívida portuguesa a 10 anos em vez de dívida alemã com maturidade semelhante atingiu o valor mais elevado desde Março de 2009, de acordo com a Bloomberg.
Segurar dívida portuguesa está mais caro
O custo do seguro que cobre a dívida portuguesa (Credit Default Swaps, CDS) também subiu.
O yield das obrigações portuguesas a 10 anos subiu 17 pontos base para 4,86%, o que coloca o spread nos 172 pontos base.
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Já as obrigações gregas a 10 anos caíram pela sétima sessão consecutiva, elevando o yield 39 pontos base para 8,35%. O spread ficou nos 520 pontos base, tendo tocado um máximo de 12 anos nos 522 pontos.
Países periféricos sofreram mais com a crise
O Mercado de obrigações dos chamados países periféricos da Europa caíram face a países centrais como Alemanha e França, devido aos receios de que a Grécia não consiga pagar a sua dívida. Os défices excessivos apareceram um pouco por toda a Europa depois de os governos se terem visto obrigados a salvar os bancos e a gastar muitos milhares de milhões de euros em estímulos económicos para contrariar aquela que foi a maior crise desde a II Guerra Mundial.
O spread entre as obrigações portuguesas a 10 anos e as obrigações francesas com a mesma maturidade aumentou 16 pontos base para 141, o maior valor desde 1997, quando a Bloomberg começou a compilar estes dados.
Esta quarta-feira estão na Grécia delegações do Banco Central Europeu (BCE), FMI e Comissão Europeia, para definirem com o Governo grego as condições que serão impostas à Grécia caso o país decida accionar o plano de ajuda, no valor de 45 mil milhões de euros (30 mil disponibilizados pela Zona Euro e 15 mil pelo FMI).
«O contágio está a dar-se de forma selectiva e agora está a afectar Portugal», disse um dos responsáveis pela estratégia de investimentos de rendimento fixo do Commerzbank, Christoph Rieger. «Se isto é justificado por questões fundamentais? Nós achamos que não. Quando muito, as notícias mais recentes de Portugal até têm sido positivas».
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