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Casa Pia: pais não viram «movimentação estranha» na casa de Elvas

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Crianças ficavam ao cuidado da ama Gertrude Nunes, arguida no processo

Oito pais que diariamente deixavam as suas crianças ao cuidado da ama Gertrudes Nunes, arguida no processo Casa Pia, declararam, nesta sexta-feira, em tribunal que nunca se aperceberam de qualquer situação anormal na casa de Elvas.

Arroladas pela defesa do apresentador de televisão Carlos Cruz para serem ouvidas pela primeira vez no processo, no âmbito da repetição parcial do julgamento na parte relativa a abusos sexuais de menores da Casa Pia de Lisboa numa vivenda de Elvas, as testemunhas disseram não terem presenciado «movimentação estranha» na casa.

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Uma a uma, as testemunhas relataram ao coletivo de juízes, presidido por Ana Peres, os dias da semana e as horas em que iam levar e buscar as crianças (até aos três anos) que ficavam ao cuidado de Gertrudes Nunes que, além de ama, tinha também alguns hóspedes em quartos alugados.

As perguntas incidiram sobre o último trimestre de 1999, altura em que a acusação do Ministério Público situa os alegados abusos de menores da Casa Pia, que teriam sido transportados pelo ex-motorista da instituição, Carlos Silvino «Bibi».

Com estas inquirições, feitas por videoconferência a partir de Elvas, e que demoraram cerca de hora e meia, a defesa de Carlos Cruz pretendeu demonstrar ser impossível e impraticável que os arguidos pudessem ter abusado dos menores casapianos na casa de Gertudes Nunes, onde durante a semana era frequentada por hóspedes - alguns deles professores - e pelos pais das crianças.

No final da audiência, Ricardo Sá Fernandes declarou aos jornalistas que os depoimentos das testemunhas foram «esclarecedores» e quis precisar que, ao contrário do que tem sido dito, o acórdão que condenou Carlos Cruz diz que os alegados abusos imputados ao apresentar ocorreram, não no piso superior, mas na divisão onde hoje as testemunhas disseram que deixavam as suas crianças ao cuidado de Gertrudes Nunes.

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Miguel Matias, advogado da Casa Pia e das vítimas, considerou que os depoimentos hoje prestados são «inócuos» para o apuramento da verdade e lembrou que, ao longo do processo, foi dito que houve abusos sexuais praticados no piso superior da casa.

O julgamento, que hoje teve a presença de apenas dois arguidos - Carlos Cruz e Carlos Silvino -, prossegue na tarde de dia 12 de Outubro.

O processo Casa Pia começou a ser julgado a 25 de Novembro de 2004. O acórdão de primeira instância, que havia condenado seis dos sete arguidos a penas de prisão efetiva, foi proferido em setembro de 2010, depois de uma maratona judicial de quase seis anos, em que foram ouvidas perto de mil testemunhas.

O caso regressou parcialmente a julgamento em primeira instância em junho, depois de o Tribunal da Relação de Lisboa ter mandado repetir a produção de prova relativa aos alegados crimes sexuais cometidos contra ex-alunos casapianos, numa vivenda em Elvas, onde reside a arguida Gertrudes Nunes.

Ao decretar a nulidade do acórdão em relação a factos ocorridos em Elvas - alguns datam de 1996, 1997 e 1998 -, o Tribunal da Relação acabou por beneficiar os arguidos que estavam alegadamente envolvidos: o advogado Hugo Marçal, Carlos Cruz e Carlos Silvino. Abrangeu ainda Gertrudes Nunes, que já tinha sido absolvida em primeira instância.

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