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Maddie: a «filha do mundo»

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O desaparecimento de menina britânica inspirou uma nova obra. «Por que adoptámos Maddie?» é o ponto de partida de uma reflexão sobre o caso. O primeiro livro sobre o tema, «Maddie 129», foi apresentado ontem, mas há outra análise deste mistério que se desenrola desde 3 de Maio, e que já teve direito a mais de duas mil notícias nas televisões portuguesas

«Por que adoptámos Maddie» é o ponto de partida de um livro que será lançado este mês e que faz uma reflexão sobre o fenómeno em que se transformou o desaparecimento da menina britânica que passou a ser «filha do mundo», escreve a Lusa.

O desaparecimento de Madeleine McCann começou por ser um caso de polícia e acabou como um fenómeno jornalístico e sociológico de dimensão mundial.

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Ao longo de quase 200 páginas, o autor, o jornalista da RTP Luís Castro, pretende levar o público a reflectir sobre o que foram os seis meses de intensa cobertura mediática que chegou a assumir contornos de uma guerra patriótica entre portugueses e ingleses.

O autor relata os factos desde a noite de 3 de Maio até ao dia 3 de Novembro e acompanha-os com os comentários de 24 personalidades convidadas a participar na obra.

Sem nunca apresentar uma resposta concreta para a pergunta «Por que adoptámos Maddie», os vários depoimentos e comentários presentes no livro apontam vários caminhos: talvez porque se passou em Portugal com uma criança inglesa, porque todos queriam saber onde estava a menina ou porque os pais induziram esta mediatização.

Em declarações à agência Lusa, Luís Castro explica que não há conclusões, porque o livro não pretende encontrar respostas, nem tão pouco faz uma abordagem à investigação.

«Penso exactamente o mesmo sobre os pais. Impus-me não criar uma tese. Não quero ter opiniões nem pretendo induzir as pessoas a terem. É para reflectir sobre um fenómeno», afirmou, assegurando tratar-se de uma análise, feita através do olhar de quem esteve na cobertura mediática do acontecimento e de quem esteve de fora.

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O próprio jornalista assume, enquanto coordenador do Telejornal da RTP, a sua quota-parte nas decisões editoriais que contribuíram para que esta se tenha tornado uma «Notícia Global» e questionou algumas das opções seguidas.

E o facto é que nunca o desaparecimento de uma criança, e não são poucos os que aconteceram, teve uma dimensão jornalística destas, nem uma proximidade tão grande com o público de todo o mundo.

Luís Castro questiona por que razão se passou em Portugal a chamar Maddie, quando pais e familiares sempre a trataram por Madeleine, e avança uma resposta: «Procurámos uma designação que encurtou a distância e criou laços emotivos e de familiaridade. Maddie deixou de ser filha dos McCann e passou a ser filha do mundo».

A este propósito, o sociólogo Paquete de Oliveira afirma no livro que esta notícia criou uma osmose mundial.

Mas se o fenómeno Maddie começou por unir portugueses e ingleses nos esforços conjuntos para procurar a menina britânica e divulgar toda a informação relevante sobre o assunto, a certa altura acabou por separá-los em campos opostos de uma mesma batalha.

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«Chegaram inúmeros jornalistas de todo o mundo e nós não quisemos ficar atrás. A nossa agenda foi influenciada pela chegada da imprensa estrangeira. Se não tivéssemos cá a imprensa estrangeira, também não teríamos dado as notícias que demos sobre o caso. A certa altura, nós jornalistas alimentámo-nos a nós próprios», afirma Luís Castro, referindo como exemplo as notícias dadas sobre a cobertura noticiosa.

Sobre isto, o director nacional da Polícia Judiciária (PJ), Alípio Ribeiro, afirma no livro: «Escreveram-se alguns milhares de quilos de inutilidades».

O fenómeno foi em crescendo até que a certa altura a imprensa britânica começou a fazer a defesa dos pais e a imprensa portuguesa a defesa da Polícia Judiciária.

A ser editado pela Oficina do Livro, a obra vai ter também informação sobre a quantidade de notícias que saíram nestes meses e o tempo que estiveram em antena.

«Um livro aberto a todos, um olhar sobre aquilo que aconteceu», é a forma como Luís Castro classifica esta reflexão sobre a «grande história jornalística dos últimos anos», porque, afinal, «todos nós acabámos por adoptar Maddie».

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