Mais tempo para pagar a habitação - TVI

Mais tempo para pagar a habitação

Casas

Ao fim de 25 anos, juros já dulpicaram o custo da casa

Relacionados
Os portugueses têm recorrido cada vez mais a empréstimos a longo prazo para a compra de casa.

Essa escolha, porém, pode trazer consequências graves. Na prática, um crédito de 100 mil euros para comprar uma habitação de 112 mil euros, com um spread de 0,8 por cento e a Euribor a seis meses no valor actual (4,57 por cento) quase que duplica o custo do imóvel ao fim de 25 anos. São mais de 84,7 mil euros pagos ao banco apenas em juros, diz o «Correio da Manhã».



Esta situação agrava-se se alargarmos o prazo do empréstimo para 40 anos. Neste caso, o montante pago em juros ao banco ultrapassa mesmo o valor da casa: quase 173 mil euros, sem contabilizar possíveis aumentos de taxas.

É esta a realidade de Inês e Carlos Matos, um jovem casal com um rendimento de 1500 euros por mês.

Inês e Carlos acabaram por optar pelo empréstimo a 40 anos por «ter a mensalidade mais baixa». Com uma taxa de juro de 5,528 por cento (spread 0,8 por cento), este casal vai pagar 580 euros todos os meses, menos 35,76 euros do que num empréstimo a 25 anos, de acordo com várias simulações realizadas na internet.

«Mas queremos ir amortizando ao longo do tempo», adverte Carlos Matos, 30 anos, engenheiro do Ambiente.

«Quando escolhemos o banco para o crédito à habitação tivemos isso em conta: o facto de a instituição em causa não cobrar qualquer comissão pelas amortizações antecipadas», explica Inês Matos, 30 anos, bióloga. Desta forma, o casal vai tentar evitar o pagamento de cerca de 272,9 mil euros, por um empréstimo de 100 mil.

Segundo uma fonte bancária contactada pelo CM, a escolha de Inês e Carlos foi «compreensível, pois assim a prestação mensal desce». «As pessoas tendem cada vez mais a pedir empréstimos com prazos alargados ou a renegociar esse prazo ao longo do empréstimo», conclui.

Porém, para João Fernandes, da DECO, essa opção não é vantajosa. «O alargamento do prazo do empréstimo é uma alternativa que deve ser tomada só mesmo em caso de necessidade», diz. «Quanto mais alargado for o prazo, mais juros se paga e, portanto, mais caro fica o empréstimo», explica o responsável desta associação de defesa dos consumidores.

Actualmente, todos os bancos têm pacotes de crédito que atenuam o peso da mensalidade, como o pagamento inicial apenas de juros ou a introdução de valor residual entre 10 e 30 por cento do financiamento, pago nos últimos anos do empréstimo.

Além disso, as instituições bancárias oferecem condições especiais para jovens até os 30 anos. É o caso da promoção «spread zero», nos primeiros 12 meses do empréstimo.

Após a aprovação do crédito, os clientes de qualquer instituição bancária podem ainda optar pela domiciliação automática dos ordenados, a compra de mais seguros ou outros produtos, no sentido de suavizar as condições do empréstimo.

«No caso dos seguros obrigatórios para a concessão do empréstimo, é aconselhável analisar as condições das outras seguradoras, pois nem sempre os seguros dos bancos são vantajoso», diz Elsa Cordeiro, promotora imobiliária de uma multinacional.

«É importante que as pessoas tenham a noção de que nenhum banco pode obrigar os seus clientes do crédito à habitação a aderir aos seguros de vida e multi-riscos que oferecem», adverte a responsável.

Todas as condições são importantes na hora de realizar um crédito à habitação: a idade dos proponentes, se já são clientes da instituição, os rendimentos, a existência ou não de fiadores e a taxa de esforço para a aquisição do empréstimo.
Continue a ler esta notícia

Relacionados