Espanha precisa de resgate até 62 mil milhões - TVI

Espanha precisa de resgate até 62 mil milhões

Vice-governador do Banco de Espanha revela resultados das auditorias. Há dois cenários em jogo

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[Notícia atualizada às 18h00]

A banca espanhola vai precisar de um resgate até 62 mil milhões de euros. Este é o valor mais negro apresentado por uma das consultoras contratadas pelo governo do país vizinho para avaliar as necessidades de capital da banca.

Mariano Rajoy já reagiu a esta análise das duas consultoras internacionais sobre a banca espanhola, dizendo que é «certeira e credível».

Oliver Wyman e a Roland Berger avançam também com outros valores mais baixos. De qualquer modo, tudo está garantido: a União Europeia tem 100 mil milhões disponíveis.

Dois cenários foram contemplados nesta avaliação: um base, standard, «que consideramos mais provável»; e outro, mais «stressado» que, apontou o vice-governador do Banco de Espanha, «nenhum economista mais pessimista faria».

No cenário base, a Oliver Wyman estima que sejam preciso entre 16 e 25 mil milhões, enquanto a Roland Berger indica um número mais exacto, de 25,6 mil milhões.

No outro cenário, mais adverso, «mais duro e mais exigente do que o que contempla o FMI», a primeira consultora aponta um intervalo entre 51 e 62 mil milhões de euros; a segunda dá novamente um valor específico, de 51,8 mil milhões.

Não há números banco a banco

Fernando Restoy explicou, em conferência de imprensa, que o objetivo destas auditorias é ter números agregados das necessidades de capital para o conjunto do sistema. Para esse efeito, foram analisados 14 grupos bancários, que representam 90% do sistema financeiro espanhol.

Não há, pelo menos por agora, estimativas de capital de índole mais específica, por entidade. «Isso será resultado de exercício suplementar», indicou o mesmo responsável.

O vice-governador do Banco de Espanha destacou a «dureza do exercício». «Estamos a falar seguramente do cenário macroeconómico mais adverso que já se contemplou nos últimos anos».

Auditoria passo a passo

Garantindo que os técnicos envolvidos nesta operação não comunicaram entre si, o Fernando Restoy explicou ainda o que foi tido em conta para esta avaliação. O propósito foi «avaliar a resistência do sistema financeiro espanhol para suportar desenvolvimentos macroeconomicos desfavoráveis, mais negativos do que aqueles que aparecem contemplados nas previsões» oficiais.

Os auditores quiseram calcular duas coisas: «as perdas esperadas nas carteiras das distintas entidades se se observassem esses cenarios» encarados como «hipóteses»; e, sem segundo lugar, saber quais os recursos com que essas entidades contariam para fazer frente a essas perdas esperadas - a capacidade de absorverem essas perdas».

Desse cálculo saiu quanto capital é que necessitam os bancos espanhóis para fazer frente aos dois cenários e, dessa forma, serem capazes de cumprir determinados requisitos de capital. No cenário base, um rácio de 9%. No cenário adverso, um rácio de 6%.

O trabalho das consultoras contou com o «apoio muito importante e relevante de um conselho assessor», no qual estiveram representados o BCE, o FMI, a Comissão Europeia, o Banco de França, o Banco da Holanda e a Autoridade Bancária Europeia.

Foram analisados 14 grupos bancários que representam cerca de 90% de todo o sistema financeiro espanhol e, em todos os grupos, «toda a carteira de crédito privado de todas as entidades».

O cenário «extremo» estabelece condições «o mais adversas possíveis», com valores muito mais extremos que os usados no relatório do FMI sobre a banca espanhola que previa necessidades de capital de 40 mil milhões de euros.

Assim, nesta análise trabalhou-se com uma previsão de queda do PIB de 6,5% (contra 5,4% do FMI), de uma queda de 26,4% no preço das casas (o FMI usou 23,5%) e de uma correção no preço dos terrenos de entre 85 e 90%.

O secretário de Estado anunciou ainda que em setembro se concluirá uma auditoria detalhada a cada uma das entidades espanholas.
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