Moody`s ameaça cortar o «rating» de Portugal até Março - TVI

Moody`s ameaça cortar o «rating» de Portugal até Março

Intensificam-se as dúvidas sobre a saúde da economia nacional e capacidade de o país aceder aos mercados a preços sustentáveis

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[Notícia actualizada às 11h20 com mais informação]

A agência de notação financeira Moody`s ameaçou esta terça-feira cortar o «rating» de Portugal. O país pode ver a sua classificação reduzida até dois níveis, na dívida a longo e curto prazo em poucos meses.

A classificação A1 a longo prazo e Prime-1 a curto prazo foi colocada assim sob vigilância negativa. Tudo por causa das dúvidas sobre a saúde da economia nacional na perspectiva a longo prazo, acentuadas pelo impacto das medidas de austeridade fiscal que aí vêm.

A Moody`s realça ainda as preocupações sobre a capacidade de Portugal em aceder aos mercados de capitais a preços sustentáveis. Ou seja, os custos que o Estado pode ter de pagar para se financiar nos mercados ao longo dos próximos anos podem vir a agravar-se.

O terceiro motivo que está na base deste alerta vermelho tem que ver com o possível efeito que a crise da dívida poderá ter no sector financeiro, que poderá vir a necessitar de ajuda. Os «desafios» que enfrentam poderão vir a ter «impacto nas contas públicas». A dependência do financiamento do BCE também não é vista com bons olhos pela Moody`s.

Note-se que a agência de notação financeira ameaçou recentemente cortar o «rating» de vários bancos nacionais e ainda ontem colocou 30 instituições financeiras espanholas em alerta negativo.

Se a «solvência» de Portugal «não está em questão», «a degradação provável do acesso ao mercado da dívida e as preocupações a médio prazo sobre a capacidade de a economia suportar a consolidação orçamental e a travagem [sentida] no sector privado» poderão vir a mostrar que o outlook poderá deixar de ser consistente com uma notação A1», podendo descer para A3, segundo o analista desta agência de notação Anthony Thomas.

O corte de rating pode acontecer até Março: «Habitualmente o nosso prazo é de três meses no máximo. Mas isso não significa que vamos esperar até o final de Março». De qualquer modo, «não espero que a decisão ocorra brevemente. Há muito trabalho para fazer», disse à Reuters a analista da Moody`s Kathrin Muehlbronner.

Pela positiva, destaca o sector exportador que «está a ter um desempenho surpreendentemente bom, por isso temos de ver se isto é sustentável e pode compensar a fraquíssima procura interna».

A Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico prevêem uma contracção da economia nacional em 2011.

A Moody`s prefere não antecipar cenários de resgate. Não sabe se Portugal vai solicitar ajuda, mas tão pouco considera que esse eventual pedido de auxílio tenha necessariamente um efeito «negativo» sobre o rating da dívida. É uma situação a «avaliar», as condições do mercado vão determinar a necessidade do resgate.



O Governo português anunciou na semana passada 50 novas medidas para estimular os rescimento económico e o emprego. O primeiro-ministro chegou a admitir ainda mais medidas, se as circunstâncias o impuserem. Mesmo assim, a Moody`s parece não estar convencida.

Os juros da dívida nacional estão a reflectir, com pessimismo, esta ameaça, negociando nos 6,63%.

O alerta que hoje se destina a Portugal surge ainda depois de a Moody`s ter avisado a Grécia no mesmo sentido e de ter baixado, no final da semana passada, a classificação da dívida de Dublin em cinco níveis e de ter revisto em baixa a notação de 5 bancos irlandeses.
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