Alemanha precisa do apoio de Portugal. Em quê? - TVI

Alemanha precisa do apoio de Portugal. Em quê?

Merkel, Barroso e Sócrates

Merkel quer que as suas propostas para a competitividade contassem com o apoio do país, que é um dos principais interessados

Relacionados
A reunião de quarta-feira entre a chanceler Angela Merkel e o primeiro-ministro José Sócrates justifica-se, segundo um analista de Bruxelas, pela necessidade da Alemanha de garantir o apoio de Portugal às suas propostas para o reforço da governação económica e competitividade.

Em entrevista à Agência Lusa, Fabian Zuleeg, responsável pela pasta económica no Centro de Política Europeia, um dos mais prestigiados think tanks (grupos de reflexão) com sede em Bruxelas sobre assuntos europeus, sustentou que o «pacto de competitividade» proposto pela Alemanha, bem como o reforço de governação económica, «só irão em frente se todos concordarem», e na actual conjuntura, «Portugal é uma voz importante».

Segundo este especialista em assuntos económicos, Portugal, pelas dificuldades que enfrenta, e por ser potencialmente um dos países a vir a ter necessidade de recorrer a ajuda europeia, é uma das partes particularmente interessadas e, como tal, um dos Estados-membros que poderá levantar mais reservas às ideias e ambições da Alemanha, pelo que é do interesse de Berlim negociar com Lisboa.

Admitindo que, para um país com a dimensão de Portugal, «é difícil dizer não à Alemanha», este analista acredita no entanto que Berlim, tendo a sua agenda e querendo algo também deste processo, compreende que se trata de «dar e receber» e «terá que pôr algo em cima da mesa», em especial para satisfazer países em situação delicada, como Portugal ou, por exemplo, a Irlanda, onde há uma «nova situação política».

Zuleeg disse ainda acreditar que, informalmente, seja abordado na reunião o eventual recurso de Portugal ao fundo de resgate europeu, sustentando que «a questão chave não é se o país vai ou não aceder à ajuda», mas sim «assegurar que, se tal for necessário», as condições estarão reunidas e não será preciso iniciar negociações apenas nessa altura, sob a pressão dos mercados, razão pela qual Lisboa deveria elaborar tão cedo quanto possível um plano com Bruxelas.
Continue a ler esta notícia

Relacionados