BdP prevê contracção de 1,3% em 2011 e crescimento de 0,6% em 2012 - TVI

BdP prevê contracção de 1,3% em 2011 e crescimento de 0,6% em 2012

Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa (João Relvas/Lusa)

Instituição aponta para queda substancial da procura interna e crescimento robusto das exportações

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O Banco de Portugal (BdP) acredita que a economia portuguesa vai entrar em recessão este ano. No Boletim Económico de Inverno, a instituição aponta para uma contracção de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB).

Para 2012, o banco central prevê já crescimento, mas ligeiro: 0,6%, «num quadro de queda substancial da procura interna e de crescimento robusto das exportações, em linha com a evolução da procura externa».

O BdP explica que «esta evolução é marcada pelo processo de ajustamento dos desequilíbrios macroeconómicos acumulados e, em particular, tem subjacente uma significativa consolidação orçamental».

As exportações portuguesas deverão abrandar o ritmo de crescimento dos 9 por cento em 2010 para 5,9 por cento este ano, acelerando novamente para os 6,1 por cento em 2012, prevê o Banco de Portugal.

O Banco de Portugal reviu em alta a sua previsão para as exportações, para 2010 e 2011, passando de taxas de 7,9 e 4,5% para 9 e 5,9%, respectivamente. Esta é «a componente da procura que continua a apresentar uma dinâmica favorável. Este perfil acompanha a evolução da procura externa, num quadro em que não se antecipam alterações significativas da competitividade externa da economia portuguesa».

O BdP aponta para uma quebra de 1,3% no consumo privado este ano e uma subida de 0,6% em 2012. Já o público, cai 2,7% este ano e 0,5% no ano que vem. O investimento deverá registar quedas de 6,8 e 0,4%. No geral, a procura interna encolhe 3,6% em 2011 e 0,5% em 2012.

A inflação prevista para 2011 é de 2,7%, acima dos 2,2% inscritos no OE.

A previsão do BdP está próxima da do Fundo Monetário Internacional (FMI), que aponta para uma queda do produto na ordem dos 1,4%. A Comissão Europeia é ligeiramente mais optimista, apontando para uma contracção de 1%.

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Já a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), aponta para uma queda ligeira, de 0,2%. Nenhuma projecção é tão optimista quanto a do Governo, que continua a não acreditar numa recessão. O executivo mantém a sua previsão de que a economia nacional crescerá 0,2% este ano.

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No entanto, o BdP alerta que estas previsões ainda não têm em conta as últimas medidas anunciadas pelo Governo. «Apenas foram consideradas as medidas aprovadas em termos legais, ou com elevada probabilidade de aprovação, e especificadas com detalhe suficiente. Neste quadro, a actual projecção não inclui nomeadamente as medidas anunciadas no dia 15 de Dezembro de 2010».

Para além disso, o Banco de Portugal assume na sua projecção que Portugal continuará a recorrer ao financiamento pelo Eurosistema até final do horizonte, «num contexto de persistência de dificuldades de acesso dos bancos portugueses aos mercados de financiamento por grosso».

O BdP avisa que a nova projecção apresenta riscos fortemente descendentes para a actividade económica, decorrentes de uma eventual fragilidade da recuperação da economia mundial, e da necessidade de se realizar um ajustamento dos balanços dos agentes económicos, públicos e privados, mais forte do que o considerado na actual projecção. Ou seja, se a economia mundial não recuperar como se espera ou se houver a necessidade de um maior ajustamento no Estado, empresas ou consumidores, é provável que a economia se contraia ainda mais.

O Boletim Económico de Inverno tinha embargo até às 13h mas outros órgãos de comunicação publicaram a informação antes da hora e a Agência Financeira decidiu publicar antecipadamente os artigos.
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