Face Oculta: quadro da Galp deixa interrogatório - TVI

Face Oculta: quadro da Galp deixa interrogatório

Manuel José Godinho, principal arguido do processo «Face Oculta»

António Paulo Costa regressa no dia 26. Arguido terá exigido uma viatura de valor não inferior a 50 mil euros para beneficiar o empresário de Ovar

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(ACTUALIZADA ÀS 13:35)

António Paulo Costa, quadro superior da Galp Energia, entretanto suspenso de funções, passou esta sexta-feira três horas no Juízo de Instrução Criminal de Aveiro, onde foi interrogado no âmbito do processo «Face Oculta»

O arguido chegou pelas 10:30, acompanhado pelo seu advogado Carlos Pinto de Abreu, e saiu pelas 13:30. À saída, a defesa do arguido adiantou apenas que «a diligência foi interrompida» continuando numa outra data, que não precisou.

Mais tarde, o juiz presidente do Tribunal de Aveiro, Paulo Brandão, informou que o interrogatório de António Paulo Costa será retomado no dia 26.

António Paulo Costa era tido como uma pessoa com capacidade de decisão ou de influenciar o decisor, bem como com acesso a informação privilegiada.

De acordo com a investigação, o arguido conheceu o empresário de Ovar durante um almoço, realizado a 27 de Maio último, no Hotel Altis, em Lisboa, altura em que aceitou a solicitação de Manuel José Godinho, para, a troco de contrapartidas patrimoniais e/ou não patrimoniais, diligenciar pela adjudicação de trabalhos na área da recolha, transporte e eliminação de resíduos na Galp.

O quadro da Galp terá exigido, então, tal como Paiva Nunes, administrador da EDP Imobiliária, que também esteve presente no mesmo almoço, um automóvel de alta cilindrada de valor não inferior a 50 mil euros.

No dia seguinte, e de acordo com os autos de investigação, Armando Vara contactou telefonicamente o empresário de Ovar para indagar sobre a forma como tinha decorrido o encontro com Paiva Nunes e António Paulo Costa.

O quadro superior da GALP recebeu um Mercedes-Benz, modelo CL 65 AMG, na residência de Manuel Godinho, em Ovar, a 17 de Junho último.

Paulo Penedos conhece medidas de coacção e novo arguido interrogado à tarde

Entretanto, também esta sexta-feira, outro arguido, que fonte judicial não identificou, virá ao edifício do JIC de Aveiro para ser interrogado.

Acresce ainda presença, pelas 15:30, de Paulo Penedos, advogado e filho do presidente da REN, que virá ao JIC de Aveiro conhecer as medidas de coacção que o juiz lhe determinou. Recorde-se que o arguido está indiciado por dois crimes de tráfico de influências.

Paulo Penedos é suspeito de integrar a «rede tentacular» criada pelo empresário das sucatas, Manuel José Godinho, com vista a ser beneficiado nos contratos com empresas participadas pelo Estado, como é o caso da REN.

As vantagens poderiam ser de ordem patrimonial ou não patrimonial e visavam sempre o tráfico de influência junto de titulares de cargos governativos, políticos, com poder de decisão ou com acesso a informação privilegiada.

De acordo com a investigação, Paulo Penedos terá recebido contrapartidas patrimoniais de, pelo menos, 270 mil euros, e não patrimoniais, para interceder junto do seu pai, presidente da REN, no sentido de beneficiar as empresas de Godinho nos concursos e na adjudicação directa de contratos de prestação de serviços na área de recolha, transporte, armazenagem, triagem, tratamento e eliminação de resíduos produzidos pela REN.

José Penedos estaria a par desta situação, que aceitava e até estimulava.
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