Filme de Al Gore tem «nove erros» - TVI

Filme de Al Gore tem «nove erros»

  • Portugal Diário
  • 11 out 2007, 10:55

Tribunal britânico aponta falhas a «Uma Verdade Inconveniente»

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Um juiz do Supremo Tribunal do Reino Unido concluiu que o filme «Uma Verdade Inconveniente» do vice-presidente norte-americano Al Gore contém «nove erros científicos», informa a BBC.

O magistrado Justice Burton foi chamado a decidir uma reclamação de um administrador escolar de Kent que pretendia banir a película das escolas secundárias, alegando que transmitia uma visão demasiado parcial.

Após a apreciar o caso, o juiz concluiu que o filme pode ser visionado nas escolas, desde que acompanhado por informação complementar que transmita «o outro lado da história».

Nove afirmações produzidas no filme não são consensuais nos meios científicos e, assim sendo, ao exibirem o documentário, todos os professores deverão apontar os aspectos menos consensuais do filme, determinou Justice Burton.

Entre os erros apontados ao filme estará a declaração de que a grande subida do nível do mar poderia ser causada, «num futuro próximo», pelo degelo na Antártida e na Gronelândia.

O juiz considerou esta afirmação «claramente alarmista», afirmando ser do senso comum que a libertação de água apenas ocorrerá dentro de milénios.

Enquanto Al Gore atribui o desaparecimento de neve no Monte Kilimanjaro, em África, ao aquecimento global, o juiz sustenta que a comunidade científica não estabelece uma causa directa entre a recessão da neve e as alterações climáticas provocadas pelo Homem.

A alusão aos ursos polares, supostamente obrigados a nadar longas distâncias em busca de gelo é igualmente contestada pelo juiz: «O único estudo científico é o que dá conta de quatro ursos polares afogados devido a uma tempestade».

Especialistas portugueses falam em incertezas

Especialistas portugueses em questões ambientais já questionaram a decisão deste juiz, preferindo falar em «incertezas», refere a agência Lusa.

Francisco Ferreira, dirigente da Quercus e professor do departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, discorda do juiz britânico: «A ciência é feita de incertezas. Em ciência não há visões absolutas mas isso não significa que sejam erros».

Também o especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos referiu que existem «incertezas» mas, acrescentou, de acordo com o actual corpo de conhecimentos, observações e interpretação dos cientistas, «os sinais são considerados inequívocos»: o aquecimento global está associado às emissões de dióxido de carbono.

«Estes modelos são testados e avaliados pela comunidade científica. O que existe são incertezas sobre a sua evolução», explicou o investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
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