A escritora francesa Annie Ernaux venceu, esta quinta-feira, o Prémio Nobel da Literatura.
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— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 6, 2022
The 2022 #NobelPrize in Literature is awarded to the French author Annie Ernaux “for the courage and clinical acuity with which she uncovers the roots, estrangements and collective restraints of personal memory.” pic.twitter.com/D9yAvki1LL
A escritora de 82 anos não esteve contactável durante a manhã e no momento do anúncio ainda não sabia que tinha sido premiada.
"Com grande coragem e acuidade clínica, Annie Ernaux revela a agonia da experiência de classe, descrevendo a vergonha, a humilhação, o ciúme ou a incapacidade de ver quem se é, conseguindo algo admirável e duradouro", explica o júri.
Annie Ernaux nasceu em 1940 e cresceu na pequena cidade de Yvetot, na Normândia, onde os pais tinham uma mercearia e um café. O seu percurso até se tornar escritora foi longo e difícil.
"Na sua escrita, a vencedora do Prémio Nobel 2022 da literatura, Annie Ernaux, de forma consistente e de diferentes ângulos, examina uma vida marcada por fortes disparidades em relação ao género, linguagem e classe", diz o júri sobre esta autora que se estreou em 1974 e escreveu mais de 30 obras literárias, a últimas das quais publicada já este ano. "Annie Ernaux acredita manifestamente na força libertadora da escrita. O seu trabalho é intransigente e escrito em linguagem simples, límpida", explica o comunicado. Nas obras de Ernaux fundem-sae a autobiografia e a sociologia, a memória e a história dos eventos recentes.
Em Portugal, Arnaux é publicada pela Livros do Brasil, que tem disponíveis as obras "O Acontecimento" (2000), "Uma Paixão Simples" (1991), "Os Anos" (2008, vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional) e "Um Lugar ao Sol" (1984, vencedor do Prémio Renaudot)
A autora foi anteriormente galardoada com, entre outros, o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Prémio Formentor de las Letras (2019) e o Prémio Prince Pierre do Mónaco (2021) pelo conjunto da sua obra.
No ano passado, o Nobel foi para o escritor britânico, nascido na Tanzânia, Abdulrazak Gurnah. Peter Handke, Olga Tokarczuk Kazuo Ishiguro, Bob Dylan e Mario Vargas Llosa foram alguns dos autores, de origens e géneros muitos diferentes, laureados nos últimos anos. O escritor português José Saramago foi o vencedor em 1998.
O anúncio do prémio Nobel da Medicina, atribuído esta segunda-feira ao sueco Svante Pääbo, marcou o arranque da temporada Nobel de 2022, que culmina a 7 de outubro com a atribuição Nobel da Paz, categoria este ano muito aguardada, em tempo de guerra na Europa.
Pelo meio, foram já atribuídos os galardões de Química (Carolyn R. Bertozzi, Morten Meldal, Barry Sharpless) e Física (Alain Aspect, John F. Clauser e Anton Zeilinger). A 10 de outubro será ainda conhecido o vencedor do prémio Sveriges Riksbank (o banco central sueco) em Ciências Económicas, em memória de Alfred Nobel, o patrono dos prémios, segundo o respetivo ‘site’ da internet.
Todas as categorias serão anunciadas em Estocolmo, exceto o Nobel da Paz que, como habitualmente, será atribuído pelo Comité Nobel Norueguês e terá como cenário o Instituto Nobel Norueguês, em Oslo, na próxima sexta-feira, 7 de outubro.