Casamento gay é «passo histórico», diz Sócrates

José Sócrates afirmou esta quinta-feira em Paris que o PS não quer «mais nem menos» do que o seu programa eleitoral diz sobre casamento homossexual, rejeitando desta forma qualquer discussão sobre a adopção por parte dos casais homossexuais e considerando que o aprovação do casamento gay é um «passo histórico» tornando Portugal numa «sociedade melhor», informa a agência Lusa.

O primeiro-ministro referiu também que o PS tem encarado a questão do casamento homossexual e da adopção com «escrúpulo democrático». «O PS tem uma posição de há muito tempo, que vem do momento em que definimos no congresso e no programa eleitoral», disse.

O primeiro-ministro, que falava aos jornalistas à margem de um simpósio internacional sobre globalização, na Escola Militar em Paris, justificou a rejeição do projecto-lei do Bloco de Esquerda.

Passo histórico

«Sentíamos que, antes de um partido como o PS dar um passo nesse domínio, deve discutir o assunto, afirmar o seu ponto de vista, para então ter uma legitimidade na Assembleia da República», explicou José Sócrates.

«É por isso que, neste domínio, o PS não quer mais nem menos do que aquilo que prometeu. [Não quer] Mais nem menos do que o que está escrito no seu programa eleitoral. E o que está escrito no nosso programa eleitoral é casamento», frisou o primeiro-ministro.

«Esse passo, sim, é um passo histórico da maior importância. Não apenas para um sector da sociedade portuguesa, porque não é apenas importante para os homossexuais. É importante para todos nós, porque assim seremos uma sociedade melhor», acrescentou.

O primeiro-ministro insistiu também na distinção entre a posição do PS e pontos-de-vista individuais dentro do partido. «Nós, no passado, apesar de eu pensar e de muitos de nós pensarmos que devíamos aprovar uma lei que termine com a discriminação dos homossexuais no que diz respeito ao acesso ao casamento, a verdade é que votámos contra esse projecto-lei do BE», recordou José Sócrates.

PS só prometeu Casamento

«E porquê? Porque não tínhamos mandato para isso. Não tínhamos discutido isso nas eleições, nunca tínhamos falado nisso», disse o primeiro-ministro.

Com o casamento homossexual inscrito no programa e discutido antes das eleições, defendeu José Sócrates, «devemos combater essa discriminação, permitindo que pessoas do mesmo sexo se casem». «Mas só falámos nisso. Não falámos na adopção», sublinhou o primeiro-ministro.

Pelo contrário, como frisou o primeiro-ministro, «em matéria de adopção está em causa uma terceira pessoa, a criança». «Nós não falámos nisso. Não falámos nisso no nosso programa eleitoral nem falámos nisso no congresso. E independentemente do que uma ou outra pessoa pensa no PS, é preciso que o partido tenha uma posição. E tem-na: é a de que não aprovaremos nada que contenha esse passo», garantiu José Sócrates.

«A verdade é que, para dar esse passo, teríamos que o ter afirmado antes das eleições e espero que todos percebam isto», acrescentou.

«A isto se chama ter escrúpulo democrático», considerou o primeiro-ministro.