A Câmara Municipal de Lisboa (CML) analisou, esta quarta-feira, numa reunião extraordinária o estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que indica o Campo de Tiro de Alcochete como a melhor localização para o novo aeroporto de Lisboa. Em cima da mesa esteve ainda a Terceira Travessia do Tejo (TTT), anunciado pelo Governo, prevista entre Chelas/Barreiro.
António Costa, actual presidente da CML, não questiona o encerramento do aeroporto da Portela e sempre defendeu que «a escolha da localização para o Novo Aeroporto de Lisboa era competência do Governo». Para Lisboa garante que sempre pediu «um acesso fácil, rápido, cómodo e barato» entre o centro da cidade e a nova infraestrutura, fosse qual fosse o local escolhido.
Um pulmão verde
O ex-membro do executivo de Sócrates considera ainda «positivo» que o processo de decisão esteja, finalmente, a concluir-se. No entanto, a sua visão do futuro da Portela esbarra na oposição. António Costa deseja «um pulmão verde» para a cidade e admite que zonas já construídas possam ser reutilizadas com o mesmo fim.
Fechar Portela é «tiro no pé»
Mas José Sá Fernandes, vereador do Bloco de Esquerda, coligado com o PS na CML, prefere manter um espaço aeroportuário «para emergências» como, por exemplo, «catástrofes». Perante um aeroporto mais pequeno defende «um grande parque urbano» na cidade.
«Portela + 1 não foi estudado»
Já o PSD, pela voz de António Proa, e Helena Roseta quiseram saber que estudos sustentam o encerramento da Portela. Para os sociais-democratas «a sua manutenção não foi devidamente considerada e fica por esclarecer se o cenário "Portela + 1" era uma alternativa viável».
Helena Roseta vai mais longe e lembra que, a 16 de Agosto de 2007, o presidente da autarquia foi «mandatado» pelos vereadores para exigir ao Governo que a hipótese «Portela + 1» fosse incluída no estudo do LNEC. «O que não aconteceu», lamenta.
O PCP também defendeu, através do vereador Carlos Moura, que deve ser avaliado o funcionamento «do novo aeroporto em articulação com a Portela». E lembra que o município, perante um cenário de desactivação do actual aeroporto deve «considerar os melhores cenários para a utilização desses terrenos».
Mais carros para Lisboa
Quanto à Terceira Travessia do Tejo (TTT), todos , presidente e vereadores, querem garantias de que Lisboa será «compensada» pelo impacto desta.
A preocupação comum são as redes viárias de Lisboa, que não têm «capacidade» para o aumento de tráfego que a ponte e o aeroporto trazem à capital. «Há um conjunto de intervenções que têm de ser feitas para suportar estas novas infra-estruturas», reconheceu António Costa aos jornalistas.
Vias circulares
«Os 69 mil veículos estimados para a nova travessia devem, depois, distribuir-se pelo conjunto da cidade. A intervenção não se esgota na ligação da ponte à cidade», afirmou o edil. Como solução, defende, «a única forma que existe de reestruturar a malha viária da cidade é ter um conjunto de vias circulares e evitar o congestionamento do centro da cidade».
António Prôa, do PSD, considera que o presidente da Câmara «não tem defendido devidamente os interesses da cidade e dos lisboetas», tanto em relação ao novo aeroporto como à nova travessia do Tejo. E pergunta, por exemplo, porque a CML «não participa na comissão da terceira travessia»?.
Já Helena Roseta lembra que a decisão da ponte «não foi baseada em estudos comparativos» e tem dúvidas que Lisboa «aguente um aumento de tráfego».
Sá Fernandes está preocupado com as compensações «de infra-estruturas e ambientais em relação à nova ponte», e apela a um «investimento fortíssimo na estrutura ecológica da cidade».
O PCP mostrou agrado com a nova travessia e defende «avaliações de impacto ambiental».
Aeroporto: Portela divide Lisboa
- Patrícia Pires
- 16 jan 2008, 23:40
António Costa quer «pulmão verde». Oposição não quer ficar sem «aviões»
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