Tudo o que precisa de saber sobre o caso das secretas (parte I) - TVI

Tudo o que precisa de saber sobre o caso das secretas (parte I)

Jorge Silva Carvalho no Parlamento (TIAGO PETINGA/LUSA)

Um escândalo que envolve espiões, jornalistas e governantes

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As secretas. O Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) foi criado para produzir as «informações necessárias à salvaguarda da independência nacional e à garantia da segurança interna», através dos Serviços de Informações: o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e o Serviço de Informações de Segurança (SIS). Todos dependem diretamente do primeiro-ministro.

Jorge Silva Carvalho. O ex-diretor do SIED é a figura central da trama. Entra nos serviços em 2001, chega a responsável em 2008 e, no fim de 2010, começa a negociar com Nuno Vasconcellos a sua ida para Ongoing. A 8 de novembro, demite-se dos serviços e, a 2 de janeiro de 2011, entra para a Ongoing. Com as eleições legislativas, contacta os governantes Miguel Relvas e Marco António Costa e responsáveis do SIED e do SIRP sobre a hipótese de voltar aos serviços, mas, a 23 de julho, cai a bomba através do semanário «Expresso»: Silva Carvalho passou informações à Ongoing enquanto diretor do SIED e continuou a receber informações do SIED já na Ongoing. Em novembro, a sua casa é alvo de buscas da PJ e, a 26 de janeiro, demite-se. Foi na sua posse que foram encontrados os relatórios detalhados sobre Pinto Balsemão e Ricardo Costa. O secretário-geral do SIRP já negou que tenham sido feitos pelos serviços.

Nuno Simas. É do então jornalista do «Público» a primeira notícia sobre o mau ambiente nas secretas com as medidas levadas a cabo por Silva Carvalho, ainda em 2010. O ex-diretor do SIED pediu aos seus espiões de confiança a lista de SMS e telefonemas de Simas para descobrir as suas fontes. Sob o nome de código «lista de compras», o pedido é feito a Gisela Teixeira, funcionária da Optimus e companheira do agente do SIED Nuno Dias. A «toupeira» foi entretanto despedida e constituída arguida e Nuno Simas mudou-se para a direção de informação da Agência Lusa.

As outras caras. Nuno Vasconcellos, presidente da Ongoing, foi constituído arguido, pelo crime de corrupção ativa para ato ilícito, porque terá negociado o lugar na Ongoing de Silva Carvalho a troco de informações dos serviços. João Luís, ex-diretor do Departamento Operacional do SIED, está acusado de crime de acesso ilegítimo agravado e três crimes de abuso de poder. Terá sido ele a pedir a Nuno Dias a «lista de compras» de Nuno Simas. Foi exonerado do cargo pelo atual diretor-geral do SIED, Casimiro Morgado, quando vieram a público as fugas de informação. Os outros homens de confiança de Silva Carvalho dentro dos serviços eram João Bicho, diretor de departamento, que passava relatórios de imprensa diários ao ex-espião desde que este entrou na Ongoing, e que foi afastado dos serviços em maio de 2012, assim como Francisco Rodrigues, diretor de segurança.

Ongoing. Ainda no SIED, Silva Carvalho terá ordenado a João Luís que usasse espiões para recolher informação sobre dois empresários russos que negociavam com a Ongoing uma parceria. A informação era para Paulo Santos, quadro da empresa envolvido no negócio, que por sua vez a enviou para Vasco Rato, também quadro da Ongoing e ex-dirigente do PSD. Já fora do SIED, Silva Carvalho recebe novo pedido de Paulo Santos sobre empresas e cadastro de Humberto Jardim, empresário madeirense que foi casado com a mulher de Paulo Santos. Também foi na Ongoing que Silva Carvalho pediu informação dos serviços secretos sobre aviões líbios que estavam em manutenção em Portugal para uma jornalista não identificada na acusação.

Notícia corrigida: o «Expresso» tinha veiculado a informação que o ex-ministro Rui Pereira seria padrinho de casamento de Silva Carvalho, mas admitiu posteriormente o erro, que o tvi24.pt também cometeu. Por isso, pedimos desculpa.

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