Passos Coelho e a história de uma escuta - TVI

Passos Coelho e a história de uma escuta

Recorde o processo «Monte Branco» e saiba como surge o nome do primeiro-ministro no caso

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As medalhas do primeiro rei de Portugal, de Salazar, Mário Soares, Cunhal e Sá Carneiro, mas também de Marx, Lenine, do Papa e irmão Lúcia, terão todas testemunhado, durante anos, mil milhões de euros de depósitos em notas na loja Montenegro, em plena baixa pombalina.

O DCIAP batizou a investigação como «Monte branco», uma homenagem aos alvos Alpes suíços onde o dinheiro seria «lavado» pelo banqueiro Michel Canals e os seus cúmplices.

Fraude fiscal, se o dinheiro era de proveniência honesta. Branqueamento de capitais, quando tivesse origem criminosa. Eram os crimes objecto de investigação nesse primeiro processo.

Só que escutas deram aos investigadores notícia da possível prática de outros crimes, nas privatizações da EDP e da REN.

Neste caso, de tráfico de influências e inside trading, ou uso ilegítimo de informação privilegiada de mercado.

A TVI confirmou junto de fontes próprias a notícia publicada em Julho pelo «Jornal de Negócios». «A suspeita é a de que houve pessoas no processo que, tendo sabido o preço proposto para a compra da EDP e da REN, terão dado ordem de compra de acções, beneficiando de informação privilegiada».

Os banqueiros Ricardo Salgado, presidente do BES, e José Maria Ricciardi, foram postos sob escuta durante meses. Ambos publicamente repudiaram as suspeitas.

Quando estava sob escuta, José Maria Ricciardi telefonou ao primeiro-ministro e a outros membros do Governo protestando contra decisões governamentais.

Uma delas, a de um ajuste directo, de 20 milhões de euros, com a empresa norte-americana Perella para assessorar o Estado nas privatizações, em detrimento do BES investimento, pré-qualificado para o efeito.

O BES Investimento, em lugar de assessoraro Estado, passou a assessorar o grupo chinês que acabou por ganhar a privatização da EDP e também falou desse tema com o primeiro-ministro, preocupado com as pressões da senhora Merkel em favor dos alemães.

Como a TVI revelou este sábado, Passos Coelho respondeu que ganharia a proposta que melhor defendesse os interesses do Estado.

A escuta, como a TVI revelou ontem não tem qualquer relevância criminal para o primeiro-ministro. Mas o ex-Procurador-Geral Pinto Monteiro, como escreveu o Expresso, pediu a sua validação, o que significa que o Ministério Público lhe atribui interesse para a investigação.
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