Milhares de professores acorrem aos centros de emprego a pedir subsídio - TVI

Milhares de professores acorrem aos centros de emprego a pedir subsídio

Ministra da Educação (Foto Miguel A.Lopes/Lusa)

Milhares de professores acorreram hoje aos centros de emprego, serviços da segurança social e lojas do cidadão.

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O objectivo era requerer o subsídio de desemprego, por terem ficado de fora das listas de colocação de docentes divulgadas sexta-feira à noite.

No Centro de Emprego de Matosinhos, alguns professores tiveram de esperar cerca de quatro horas para serem atendidos, disse à Lusa uma docente desempregada.

Salomé Ribeiro, do Sindicato dos Professores do Norte (SPN/Fenprof), referiu que o mesmo cenário se repetiu em muitos outros locais, nomeadamente no Centro de Emprego de Gondomar, onde os professores desempregados fizeram fila.

A sindicalista criticou o Ministério da Educação por ter divulgado muito tarde (às 20:30 de sexta-feira) as listas de colocação, o que obrigou todos os professores desempregados a ir hoje de manhã às escolas onde leccionaram no ano lectivo passado para levantar o comprovativo de que perderam o emprego.

Os contratos dos docentes terminaram em 31 de Agosto, mas, como as colocações foram publicadas com as escolas já fechadas para fim-de-semana, todos os docentes perderam dois dias de subsídio de desemprego.

Salomé Ribeiro lamentou esta perda de subsídio, escusando-se, contudo, a admitir que a divulgação tardia das colocações pelo Ministério da Educação (ME) tenha sido propositada.

«Não quero pensar tão mal», afirmou.

A dirigente do SPN acusou o ME de ter violado a lei e as regras da candidatura às chamadas «necessidades residuais» de docentes, ao colocar apenas professores em horário completo.

«O que a lei prevê é que as necessidades residuais são também para os horários incompletos. O próprio concurso incluía campos de candidatura a horários incompletos», frisou, afirmando que «este Governo tem uma forma extremamente prepotente de actuar», porque «altera regras sem sequer os candidatos saberem».

Salomé Ribeiro referiu que a exclusão dos horários incompletos, que serão atribuídos nas colocações cíclicas a iniciar esta semana, fez aumentar o número de docentes não colocados.

Mais de 44.700 candidatos às necessidades residuais de docentes não conseguiram colocação no concurso terminado sexta-feira.

Dos cerca de 48 mil candidatos, foram colocados apenas 3.252 professores.

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, justificou hoje o aumento do desemprego na classe docente com o desajuste entre a oferta de formação superior e as necessidades da rede escolar do Ministério da Educação (ME).

Confrontada em conferência de imprensa sobre o arranque do ano lectivo com as acções de protesto promovidas hoje pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), a governante salientou que «mais de metade dos candidatos a professor são de ciclos de ensino que não estão em crescimento».

«O 1º e 2º ciclos do ensino básico não estão em crescimento. São precisos professores no pré-escolar, no terceiro ciclo e no ensino secundário, sobretudo devido ao aumento da oferta nos cursos de educação e formação e profissionalizantes», afirmou Maria de Lurdes Rodrigues.

Reconhecendo que uma situação de desemprego pode ser «complicada» e «dramática», a titular da pasta da Educação acrescentou que as necessidades do ME são transmitidas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior para que informe as instituições universitárias.
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