Crédito para despesas médicas têm custos astronómicos - TVI

Crédito para despesas médicas têm custos astronómicos

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Poucos bancos dispõem de créditos específicos para despesas médicas. E a pouca oferta que há não apresenta lá grandes vantagens.

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Quem tem de suportar uma despesa médica avultada, não coberta pelo sistema nacional de saúde e não tem seguro de saúde ou este não a cobre na totalidade, vê-se obrigado a pagar o restante do seu bolso. Se não o puder fazer, terá de recorrer às suas poupanças ou ao crédito. Para o último caso, não há muitas soluções específicas, conclui um estudo da DECO, publicado na revista Dinheiro&Direitos de Maio/Junho.

Além disso, diz a mesma fonte, «os produtos para financiar despesas de saúde apresentam, muitas vezes, condições e taxas de juro próximas das do crédito pessoal tradicional».

Para quem tem algumas poupanças, por exemplo, em depósitos a prazo, e não as puder ou quiser usar, «o crédito com penhor de aplicação financeira pode ser uma opção mais económica».

Oferta mal diagnosticada

Em alternativa ao crédito pessoal, o Banco Popular, Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), Banco BPI, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Millennium bcp têm linhas de financiamento específico para despesas de saúde. Nenhum impõe restrições à natureza das despesas. «Contudo, no BBVA foi-nos recomendado um crédito pessoal. Mas, além de obrigar à carência de capital, limita o financiamento até 12 vezes o ordenado mensal, sendo, por isso, desinteressante», revela a DECO.

No Santander Totta, a associação de defesa do consumidor verificou que «o produto comercializado era idêntico ao crédito pessoal tradicional, razão pela qual não foi considerado».

Assim, as cinco linhas de financiamento existentes nos bancos analisados «permitem empréstimos mínimos entre 600 e 1.250 euros, e máximos que variam entre 15.000 e 30.000 euros. No Banco Popular e CGD, o montante máximo é definido caso-a-caso.

Quanto aos prazos de pagamento, a CGD tem a oferta mais polivalente, segundo a DECO, já que permite contratar créditos até 132 meses. «Mas, lembre-se de que prazos muito alargados implicam o pagamento de mais juros», alertam.

A associação refere ainda no estudo que todos os bancos cobram custos iniciais: comissão bancária única (BBVA, BPI e Millennium bcp) ou repartidos em duas parcelas (Banco Popular e CGD). Nalguns casos, tratam-se de custos fixos, como é no Millennium bcp, noutros variam consoante o montante do empréstimo.

Assim, no BBVA, por exemplo, contratar um crédito de 5.000 euros acarreta um custo de 78 euros. Se o valor do empréstimo for de 10.000, a comissão de abertura encarece 26 euros.

A DECO dá «nota negativa ao BPI, onde a informação em matéria de comissões não foi uniforme. Se na resposta ao questionário enviado, a comissão referida era de 46,80 euros, ao balcão cobraram-nos um custo de abertura de 53,01 euros».

Juros quase inacessíveis

As taxas de juro nominais (TAN) aplicadas a estas linhas de financiamento variam entre um mínimo de 4,25%, na CGD (se variável) e de 5% no BPI (se fixa), e um máximo de 13,50%, no Millennium bcp. À excepção da CGD, onde pode optar por contratar um crédito indexado, nos restantes a taxa de juro é fixa. No primeiro caso, trata-se de uma taxa variável indexada à Euribor a 1 mês. A esta é somado um spread que pode variar entre 0,5 e 9 por cento.

Aos juros e comissões é ainda necessário acrescentar os seguros. A subscrição do seguro de vida é obrigatória em todos os bancos. Já no BPI e na CGD é preciso contratar ainda um seguro de protecção ao crédito (facultativo nos restantes bancos). Contudo, na CGD, existe a possibilidade de negociar a isenção de um ou dos dois seguros.

Somadas todas as despesas associadas à contratação do crédito, o consumidor é confrontado com taxas de encargos efectivas globais (TAEG) muito elevadas. Para um empréstimo de 5.000 a pagar em 24 prestações, a TAEG atinge, em todos os bancos, mais de 17%. No caso da CGD, o mais caro, com uma prestação mensal de 238,81 euros, traduz-se numa TAEG de 20,76%.
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