Governo deve «repensar investimentos na OTA e TGV» - TVI

Governo deve «repensar investimentos na OTA e TGV»

José Sócrates

A saída do ministro das Finanças, Luís campos e Cunha, numa situação que, apesar das razões pessoais alegadas, se adivinha ligada à discórdia face aos investimentos na OTA e no TGV, é um bom mote para que o Governo repense estes projectos, defende a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP).

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«Esta demissão vem demonstrar que os projectos da OTA e do TGV não são pacíficos e que o governo tem de reflectir melhor sobre os investimentos públicos», disse o presidente da associação, José António Silva, à Agência Financeira. O mesmo vai mais longe e reitera que «o país não tem condições para fazer investimentos de retorno duvidoso e, a tê-lo, apenas no longo prazo. Temos de enveredar por investimentos públicos de curto prazo, de retorno rápido, orientados para as PME¿s que são o motor do crescimento da economia. Temos de apostar em investimentos vocacionados para os bens transaccionáveis, comércio, turismo e exportações», diz.

Mais do que isso, a CCP considera que a saída de Campos e Cunha, «uma pessoa competente com uma pasta de tão fundamental importância, fragiliza naturalmente o governo e condiciona necessariamente o novo ministro das Finanças».

Quanto ao novo ministro, Teixeira dos Santos, apesar da «maior experiência política que o seu antecessor», diz a CCP que está «condicionado pelo cumprimento das metas do défice e pelas posições que o governo já tomou e que ele terá necessariamente de subscrever. O próprio já anunciou que continuará a política de rigor, a assim o esperamos».

Sem querer entrar em polémicas quanto às obras do TGV e da OTA, o presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), Jorge Rocha de Matos, limita-se a dizer, em comunicado, que «o controlo da despesa pública e a reforma da administração pública são seguramente dois grandes desafios que se colocam ao novo ministro das Finanças, desafios esses, de importância capital para a competitividade da economia portuguesa».

De resto, a AIP faz uma apreciação positiva do trabalho realizado pelo ministro das Finanças cessante, pautado «por uma política financeira de rigor, contenção e transparência, dando assim um forte contributo para a recuperação da autoridade do Estado e a credibilidade da política económico-financeira». A associação diz apenas ser «irónico» que a saída de Campos e Cunha suceda «no mesmo dia em que recebeu de Bruxelas um voto de confiança, concedendo-lhe três anos para efectuar a consolidação das contas públicas».

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«Quanto a eventuais problemas de credibilidade interna e externa, pensamos que não vale a pena dramatizar», defende o presidente da CCP, «tanto mais que o primeiro-ministro encontrou rapidamente uma solução».

Do mesmo modo, a AIP «entende que não se deve dramatizar o problema». Também a celeridade da nomeação do novo ministro é apontada como facto positivo. «Pela sua experiência em matéria de finanças públicas e pela riqueza do seu curriculum político e técnico-profissional, permite-nos acalentar expectativas positivas em relação à continuidade de uma política financeira de rigor e firmeza», adianta ainda a AIP.
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