Médicos querem dar formação específica a clínicos das juntas

Para além disso, Pedro Nunes considera que estes profissionais deverão receber formação específica em medicina da segurança social e seguros.

«É preciso criar uma competência, uma área específica de saber com critérios uniformes para os médicos que integram as juntas médicas, porque até aqui qualquer médico pode ser contratado para uma junta médica», disse Pedro Nunes à Agência «Lusa».

Por outro lado, o bastonário considera «inaceitável» a presença de indivíduos não médicos nas juntas, uma situação comum nas juntas médicas da polícia e dos militares, e até há pouco na Assistência na Doença aos Servidores do Estado (ADSE), e prometeu que a Ordem vai continuar a trabalhar no sentido de levar o Parlamento a alterar a legislação sobre esta matéria.

A posição da Ordem dos Médicos surge depois de, no último mês, terem sido noticiados na comunicação social dois casos extremos de professores, doentes com leucemia e cancro na laringe, que foram reenviados de volta às escolas onde leccionavam pelas juntas médicas que os avaliaram.

Os professores acabaram por morrer no activo.

O bastonário disse à «Lusa» que esta realidade não surpreendeu a Ordem, que há mais de um ano criou um grupo de trabalho para estudar as mudanças necessárias nesta área.

«Recebemos várias queixas, sobretudo relativas à dualidade de critérios e de interpretação por parte das juntas médicas, fomos observando a situação, falámos com colegas que integram essas juntas e concluímos que há matéria para resolver», disse.

Questionado sobre o volume de queixas, Pedro Nunes disse que o «número é suficientemente volumoso» para justificar uma intervenção.

Sobre os casos específicos dos dois professores, o bastonário disse apenas que «um sistema que permite que casos destes aconteçam tem de ser alterado» e defendeu a criação de critérios mais rigorosos na reintegração de doentes nos respectivos serviços.

A Ordem dos Médicos tem já marcada uma reunião com deputados do Partido Socialista para discutir o que é preciso mudar para evitar a repetição dos erros de avaliação nas juntas médicas e promete continuar a trabalhar no sentido de criar condições de formação para os médicos nesta área.