Governo «preocupado» com braço de ferro na Autoeuropa - TVI

Governo «preocupado» com braço de ferro na Autoeuropa

Marrakesh

O ministro do Trabalho e da Segurança Social considerou hoje «preocupante» a «situação de conflito» entre a administração da Autoeuropa e os trabalhadores da empresa, que estão num impasse nas negociações sobre o novo acordo laboral.

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O director de recursos humanos da empresa, Julius Von Ingelheim, afirmou, em declarações citadas na edição de hoje do «Diário de Notícias», que a ausência de acordo entre a administração e a comissão de trabalhadores poderá pôr em causa a fábrica de Palmela.

Em causa está a falta de acordo nas negociações sobre aumentos salariais, prémios de assiduidade e pagamento do trabalho suplementar do novo acordo laboral que deveria ter entrado em vigor em Setembro.

O ministro José Vieira da Silva, que falava hoje à margem de um seminário sobre segurança no trabalho, mostrou-se preocupado com a situação e disse esperar que «as duas partes tenham a capacidade de se entender e chegar a um acordo que seja útil para a empresa, para os trabalhadores e para o país».

Considerando a Autoeuropa, uma fábrica da Volkswagen, que também produz veículos para a marca Ford, uma «empresa importante» para a economia portuguesa, Vieira da Silva declarou que o «Governo não deve intervir de início [no diferendo], por não ter instrumentos para tal».

O último acordo laboral na Autoeuropa foi alcançado há dois anos e traduziu-se na manutenção dos postos de trabalho em troca do congelamento salarial e da redução de dias de trabalho.

De acordo com a imprensa económica de hoje, neste momento vive- se na Autoeuropa um ambiente de quebra acentuada da produção (para as 80.000 unidades por ano) e expectativa face ao anunciado fim de produção dos monovolumes Sharan e Alhambra (Volkswagen e Seat) e ao fim da produção do monovolume Galaxy para a Ford, no início do próximo ano.

Os monovolumes Sharan e Alhambra têm programado para 2007 ou 2008 o fim da produção, devendo ser substituídos por um novo modelo.

Depois de dois anos sem aumentos salariais, os trabalhadores da Autoeuropa começaram por exigir aumentos na ordem dos 5%, que depois baixaram para valores entre os 3% e os 4%, considerando inaceitáveis os 2,5% propostos pela administração para vigorar durante 15 meses.

António Chora, da Comissão de Trabalhadores, citado pelo caderno Negócios do «Diário de Notícias», afirma que os trabalhadores, que se reunirão em plenário na quarta-feira, aceitam renegociar o aumento mas apenas se este vigorar só durante 12 meses.

Já Von Ingelheim considerou ao Diário Económico que «só as fábricas com elevados padrões de flexibilidade, salários competitivos e baixos custos com o pessoal têm hipótese» de sobrevivência.

Ingelheim disse que os «óptimos índices de desempenho» da fábrica «não garantem a sua permanência para o futuro», pelo que defendeu reduzir custos com o factor trabalho «onde é possível» sem que «com isso se comprometa os pagamentos regulares».

Quanto ao pagamento do trabalho suplementar, os trabalhadores rejeitaram a proposta da administração de uma redução de 200% para 50%, tendo, durante as negociações, que se iniciaram em Julho, sido proposta uma redução para 100%, o que os trabalhadores continuam a considerar inaceitável.

Para o director de recursos humanos da Autoeuropa, esta é uma questão fundamental para garantir a flexibilidade da fábrica, considerando as negociações terminadas, «a menos que os trabalhadores revejam a sua posição».

Actualmente a Autoeuropa é responsável por 2.950 postos de trabalho directos e mais de três mil indirectos, encontrando-se a disputar com outras fábricas da Volkswagen dois novos produtos.
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