Trabalhadores da Autoeuropa abrem porta a congelamento salarial - TVI

Trabalhadores da Autoeuropa abrem porta a congelamento salarial

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Os trabalhadores da Autoeuropa «obviamente não estão satisfeitos» com a proposta apresentada pela administração da empresa, de manter o congelamento de salários, acordado já no passado.

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Os responsáveis da Comissão de trabalhadores estão já reunidos com a administração da empresa para debater as condições futuras de trabalho.

No entanto, afirmou fonte da Comissão de Trabalhadores da fábrica à Agência Financeira, «essa seria a última opção a que admitiríamos recorrer para impedir uma situação ainda mais catastrófica» para os trabalhadores.

Anteriormente, os trabalhadores da Autoeuropa aceitaram um acordo com a administração, no qual aceitavam um congelamento salarial em troca de dias sem produção pagos, por forma a evitar que os custos de produção na fábrica aumentem e a mesma se tornasse menos competitiva face a outras fábricas da Volkswagen (VW) instaladas noutros países. A plataforma nacional parecia estar bem colocada na corrida, de tal forma que até a comissão de produto da casa-mãe recomendou a construção do novo modelo, o SUV Marrakesch, em território português, até 2007. Numa perspectiva actual, a produção em Portugal traz benefícios sobre 1000 euros por veículo comparado com a produção em Wolfsburg, a fábrica alternativa. O problema é que o Governo alemão acaba de arregaçar as mangas e interferir no processo.

O Executivo liderado por Gerhard Schroeder está disposto a atribuir apoios à fábrica alemã da marca, em Wolfsburg, para que esta atraia a produção do novo veículo para lá. No momento, o Governo português ainda não admite fazer o mesmo com a fábrica nacional. Contactada pela Agência Financeira, fonte oficial do Ministério da Economia não quis comentar essa possibilidade, apesar do ministro Manuel pinho ter já adiantado publicamente estar a acompanhar o processo de candidatura da Autoeuropa atentamente.

Por enquanto, a fábrica de Palmela está a tentar lutar com as próprias armas e, para isso, precisa de manter os custos de produção mais baixos, de forma a continuar a ser mais atractiva que a plataforma alemã. A empresa em Portugal parece não estar muito confiante de que venha a vencer este concurso, especialmente depois da intromissão do Governo alemão, mas garante que nem por isso vai baixar os braços.

Empresa já está de olho noutros modelos

A responsável do departamento de relações públicas da empresa, Carmo Jardim, garantiu que caso a resposta seja negativa, e a Volkswagen na Alemanha não autorize a produção do novo modelo todo-o-terreno em Portugal, «continuamos empenhados a lutar, em sermos competitivos para trazermos outro produto para a Autoeuropa, já que, em 2004 perdemos este mesmo modelo, e não foi por isso que esmorecemos».

Até 2008, a plataforma portuguesa vai deixar de produzir os modelos VW Sharan e Seat Alhambra, e, se alternativas não forem encontradas, os postos de trabalho ficam ameaçados. «Para a Autoeuropa continuar a ter futuro, precisa de outros produtos para a empresa», admitiu Carmo Jardim.

«Nós entramos no concurso e a nossa mais valia passa pela mão-de-obra mais barata em relação à Alemanha e somos mais competitivos, com o reconhecimento no comunicado oficial. A casa mãe recomendou Portugal exactamente por considerarem que Portugal, no concurso, apresentou um preço mais competitivo, resta agora aguardar», acrescenta a responsável da empresa.

Para os trabalhadores «a situação está a chegar ao limite do insustentável», mas admitem que perder este concurso e não conseguir outro modelo «é o mais preocupante». Por isso mesmo, a Comissão está aberta a negociar com a empresa, embora a mesma fonte não queira adiantar em que termos. Certo é que o aumento salarial anteriormente proposto, que era de 5,5%, não deverá concretizar-se, nem de longe.

A situação da Autoeuropa é determinante para a economia nacional, já que a sua produção representa mais e 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e mais de 10% das exportações portuguesas.

A fábrica para onde o todo-o-terreno irá ser construído tem de ficar decidido até ao dia 26 de Setembro, segundo um comunicado oficial do presidente da casa mãe alemã.
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