«O chefe mandou parar o trabalho para vermos o Papa» - TVI

«O chefe mandou parar o trabalho para vermos o Papa»

Avenida da República deteve-se para Bento XVI passar. Entre máquinas fotográficas, rádios, guitarras e uma bandeira feita com uma cana de pesca

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Bento XVI fintou a ameaça das cinzas vulcânicas e da meteorologia, à chegada a Lisboa. Havia um plano «B» para a primeira contingência, que ficou na gaveta. Os guarda-chuvas também não saíram de casa. Quando o Papa atravessou a Avenida da República, o Sol brilhava, com os passeios cheios de gente para o ver passar.

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Às onze horas, perto do Campo Pequeno o trânsito ainda circulava, já com algumas pessoas a alinharem-se na fronteira desenhada pela polícia. Nessa altura ainda um esboço. Mas meia hora depois, toda a largura da via estava reservada às autoridades, que iam afastando as pessoas para as orlas.

«Estamos aqui à espera para ver o Papa», diz António Henrique, de 72 anos, ao lado da esposa, Maria Martins, de 70. Vieram de Rio de Mouro. A ansiedade sobe com a informação que Bento XVI está já em Figo Maduro. «Estamos aqui com ele, esperançados no que ele diz», frisa Maria.

Os discursos do presidente da República e do bispo de Roma ouvem-se pela rádio. Na maioria dos casos vêem-se discretos fios de auriculares junto aos corpos inquietos. Mas não no caso de Alfredo Barreto. Tranquilo, segura na mão esquerda um rádio que vai debitando a emissão radiofónica. «Estou a seguir a chegada de sua Santidade», explica alegremente, o homem de 83 anos, que está à espera de ouvir de Bento XVI - que descreve como «um pensador» e filósofo» - uma mensagem que «rejuvenesça Portugal, que dê esperança ao país».

Segue-se o trajecto descendente da avenida. Entre a curiosidade contida de uns e da acotovelada de outros, está Estevão Ferreira, de 13 anos. Agita nas mãos uma bandeira amarela quase maior do ele, enfiada numa cana de pesca. «A bandeira representa a cor do Papa», diz confiante. E a cana? «A cana foi o meu pai comprá-la agora», explica.

O movimento da bandeira improvisada de Estevão atira-nos um pouco mais abaixo. Para o número 25 da avenida. Entre os andaimes e os tapumes, saltam à vista cinco trabalhadores da construção civil. Um tira fotografias. O outro tem a simpatia de tentar fazer chegar a voz ao microfone do tvi24.pt: «O chefe mandou parar o trabalho para vermos o Papa passar».

Mas enquanto o Papa não passa, há tempo ainda para se chegar ao Saldanha. Aí há um megafone que soa. Este não é da polícia. É de um grupo de jovens que fazem parte de várias comunidades do Caminho Neocatecumenal. Lançam-se vivas ao Papa. E quem não tem uma guitarra na mão tem outro instrumento qualquer: desde cavaquinhos a tambores e pandeiretas.

Gonçalo, de 21 anos, e João, de 19, dão voz ao grupo: «Estamos a celebrar este acontecimento importante que é a vida do Papa», diz o primeiro. «É a personificação máxima de Cristo na Terra», anota o segundo. Riem-se, com a banda sonora de cordas e batuques. Ouvem-se sirenes. As bandeiras e tarjas agitam-se. Passa o Papamóvel, com o Sol a trespassar-lhe os vidros à prova de bala. Depois, a multidão dispersa-se, aliviam-se as barreiras policiais e Bento XVI já longe da vista caem as primeiras gotas de chuva da manhã.

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