Visita de políticos divide Cova da Moura - TVI

Visita de políticos divide Cova da Moura

  • Portugal Diário
  • 19 out 2007, 15:42

Há quem defenda que «passagem» da classe política é aproveitamento

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Na véspera da visita do líder social-democrata, Luís Filipe Menezes, à Cova da Moura, na Amadora, instituições e moradores dividem-se quanto ao impacto da presença de políticos no bairro, maioritariamente encarada pela associação Moinho de Juventude como «aproveitamento», noticiou a Lusa.

Segundo garantiu fonte do PSD, Luís Filipe Menezes cumpre sábado à noite uma promessa feita durante a campanha para a liderança do partido ao marcar presença num dos mais degradados bairros do país, com 7.000 habitantes, uma notícia que está a ser recebida com muita «surpresa» no local e é vista com olhares distintos no que se refere aos seus efeitos e eventuais vantagens.

Para o presidente da Associação de Solidariedade Social do bairro, Ilídio do Carmo, a visita de personalidades políticas permite ganhar visibilidade e, por consequência, chamar a atenção para os problemas existentes e para a necessidade de solucioná-los.

«Tudo o que pode ser feito para elevar a Cova da Moura e mostrar que há aqui pessoas fantásticas, de carne e osso, é positivo e todas as pessoas são bem-vindas, muito mais se forem dirigentes de partidos», diz o responsável, acrescentando que «a Cova está na moda» e que se Menezes referir «alguma ajuda que possa dar», terá o maior gosto em ouvi-lo.

É com a mesma expectativa que Benvindo Cardoso, proprietário de um restaurante, afirma que a passagem de políticos pela zona contribui para «melhorar os problemas, sobretudo os das crianças», ou até mesmo para receber mais clientes, uma opinião partilhada por um grupo de jovens moradoras.

«Se esse tal presidente quer vir ver com os próprios olhos os nosso trabalhos, é bem-vindo e pode vir mais vezes. É mesmo melhor que venha com os próprios pés ver que isto é fixe, que não é nada do que as pessoas dizem», comenta Nela, habitante na Cova da Moura há oito anos, perante a concordância das amigas.

A mais conhecida associação local, o Moinho de Juventude - referenciado pelos moradores como um dos seus melhores «cartões de visita» - não acredita, no entanto, que as «passagens» da classe política tenham mais impacto do que a divulgação de fotografias na comunicação social.

Eduardo Pontes, um dos membros da direcção, admite que, em casos como o do projecto de reabilitação urbanística do bairro, a presença de personalidades públicas pode ser benéfica, mas considera que se trata, na maioria das vezes, de uma estratégia desenvolvida sem «nenhuma sensibilidade» para as dificuldades que ali se vivem.

«Temos passado à margem das suas preocupações. Continua a haver um aproveitamento político da imagem de degradação em campanhas, porque aparecem sempre por aqui, mas acabamos por não ver qualquer efeito», lamenta o responsável, dando voz a um grupo de jovens «fartos de teatro».

No Moinho de Juventude, a visita de uma comitiva social-democrata traz à memória as palavras proferidas em 2005 pelo deputado municipal do PSD Luís Guarita, que disse defender os «valores ocidentais» e não as «favelas românticas» e afirmou que a Cova da Moura «envergonha a Amadora».
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