Fotojornalista João Silva condecorado na África do Sul

O fotojornalista João Silva, que fotografou conflitos em vários continentes nas últimas duas décadas, foi, esta quinta-feira, agraciado com a Ordem da Liberdade, que lhe foi entregue pelo embaixador de Portugal na África do Sul, João Ramos Pinto.

João Silva, que sofreu amputação das duas pernas na sequência do rebentamento de uma mina antipessoal no Afeganistão, em Outubro de 2010, afirmou-se «grato ao povo e ao Governo portugueses» pelo reconhecimento de uma carreira que considerou, simultaneamente, «uma paixão».

Considerando-se «cem por cento português com o coração dividido entre a África do Sul e Portugal», o fotojornalista garantiu em declarações à Lusa que o momento presente marca «o início de uma nova incursão pelo mundo da fotografia, agora em terrenos menos turbulentos, mas que poderão incluir as mesmas zonas de conflito, apesar das limitações físicas» resultantes do acidente sofrido em Arghandab ao serviço do «New York Time», quando pisou uma mina numa zona que havia já sido desminada.

João Silva, nascido em Lisboa há 45 anos, estava acompanhado da mulher, do filho de cinco anos e da filha, de sete, e dos pais, que com ele vivem em Joanesburgo e que foram a sua «grande força e inspiração» ao longo de mais de um ano de recuperação e convalescença, que incluiu cerca de três dezenas de cirurgias, sessões infindáveis de fisioterapia e implantação de próteses que lhe devolveriam a mobilidade perdida.

«Mesmo nos momentos mais difíceis, quando estive entre a vida e a morte, sempre acreditei que sobreviveria. E depois de recuperar a mobilidade, primeiro em cadeira de rodas e depois com o auxílio das próteses, percebi que a fotografia iria continuar a ser a minha ocupação e a minha paixão de sempre. Não sei se voltarei a fotografar conflitos, mas de certeza que voltarei ao Afeganistão», disse à Lusa o repórter-fotográfico, que foi em 2011 recebido na Casa Branca pelo presidente norte-americano, Barack Obama, que o felicitou pela sua coragem e pelo seu trabalho como correspondente de guerra.

João Silva regressa a Washington em Abril, para se submeter a nova fase de tratamentos, fisioterapia e adaptação às próteses.