No Dia Mundial do Livro porque não ler?

«Ai que prazer, não cumprir um dever, ter um livro para ler

e não o fazer! Ler é maçada, estudar é nada...», ironizou Fernando Pessoa, talvez num dia mais cinzento e desprovido, quem sabe, de hábitos mais literários.

Em Portugal a faixa etária da população que mais lê compreende os 15 e os 17 anos (54,6 por cento) contra a dos 35 aos 44 anos (com 37,9 por cento) de acordo com estatísticas do estudo «Consumidor 2006» realizado pela Marktest.

«Lemos mais e melhor»

Mas se educadores e professores se queixam que os nossos jovens não lêem, como é possível a leitura destes números? A escritora e comissária do Plano Nacional de Leitura, Isabel Alçada, deu a resposta ao PortugalDiário. «Estamos a ler mais, melhor e cada vez mais cedo», ao mencionar que há actualmente mais jovens a ler do que há 20 anos, o que se deve, em grande parte, ao «esforço conjunto» que escolas, professores e educandos têm vindo a efectuar no âmbito da leitura.

Num país onde apesar dos baixos níveis de literacia, em comparação com os nossos vizinhos europeus, se tenta cada vez mais apostar na leitura como forma de enriquecimento pessoal, «não basta ler um livro uma vez na vida», reforça a escritora, afinal «ler é uma fonte inesgotável de enriquecimento», referiu.

A co-autora dos famosos livros de «Uma Aventura», explicou que ler é a «base do desenvolvimento dos indivíduos, é preciso adquirir hábitos de leitura cada vez mais cedo porque a leitura é uma competência que se adquire ao longo da vida», frisou, ao reconhecer que o Plano Nacional de Leitura, em vigor desde o ano lectivo de 2006/2007, tem surtido resultados «muito positivos» para os alunos do pré-escolar e primeiro ciclo que «estão a ler todos os dias» e para as escolas, que estão a aderir «imensamente», sublinhou.

Mulheres lêem mais

E se segundo os dados do estudo «Consumidor 2006» são as faixas mais jovens em comparação com as adultas as que têm mais hábitos de leitura, a escritora assume frontalmente «só há uma forma de combater a iliteracia, ler muito», assegura, «e cada vez mais cedo», reforça.

De acordo com as estatísticas somos mais de três milhões a ler em Portugal, sendo que o número de leitores aumentou 58 por cento na última década. As mulheres lêem mais do que os homens (40,7 por cento contra 33,1 por cento respectivamente) e uma curiosidade, lê-se mais no Porto que em Lisboa (50,2 por cento para 49,2 por cento na capital).

E o leitor o que lê?

Por ocasião do Dia Mundial do Livro que se celebra, esta segunda-feira, partimos de encontro aos gostos e «desgostos» dos nossos leitores. O que o leitor está a ler? Qual o último livro que leu? Porque lê? Qual o livro que mais o marcou? São algumas questões às quais todos nós temos diferentes respostas.

Neste Dia Mundial do Livro uma última sugestão, esqueça a preguiça, pegue num livro, aquele que está há muito arrumado na estante da sala, e entregue-se, sem receios, ao deleite das palavras e do imaginário. Onde quiser, como quiser. Porque ler é afinal um prazer, certo?