Publicidade «associa» álcool ao «prazer sexual»

O organizador de um encontro internacional para debater o tratamento das toxicodependências criticou hoje a publicidade às bebidas alcoólicas, que contribui para tornar o seu consumo no «maior problema de saúde pública em Portugal», escreve a Lusa.

A publicidade a estas bebidas, sobretudo na televisão, constitui uma «mensagem poderosa, ao promover a associação entre a ingestão alcoólica e o prazer social, afectivo e sexual», declarou à agência Lusa o psicólogo Paulo Figueiredo, responsável pelo Serviço de Psicologia Clínica do Hospital Psiquiátrico do Lorvão (HPL), em Penacova.

Esta unidade do HPL vai organizar, no dia 18, o III Encontro Internacional de Psicologia Clínica, em que participam especialistas nacionais e estrangeiros na área das toxicodependências, em particular do alcoolismo.

Para Paulo Figueiredo, a publicidade agrava as dificuldades de combater o alcoolismo, «isto num país com raízes culturais de enorme tolerância em relação ao álcool». «É talvez o maior problema de saúde pública em Portugal, onde há um milhão de pessoas com problemas ligados ao álcool», disse.

O consumo excessivo de bebidas alcoólicas, acentuou, «causa alterações de comportamento que vão reflectir-se de modo devastador nos planos familiar, profissional, social e legal». «Não é apenas a saúde individual» que é afectada pelo alcoolismo. Paulo Figueiredo lembrou que os crimes graves em Portugal, como os homicídios, além dos suicídios, são praticados «muitas vezes sob o efeito do álcool».

Na sua opinião, «o alcoolismo tem sido o parente pobre das toxicodependências», apesar de ser um problema de saúde pública «muito mais expressivo» do que o consumo das drogas ilegais. «Ao nível da prevenção faz-se muito pouco», lamentou, defendendo que o combate ao problema do álcool «merecia mais recursos» do Estado.