Pescadores vão continuar em greve - TVI

Pescadores vão continuar em greve

Pesca (arquivo)

Associações mantêm paralisação. Hipermercados ainda têm peixe

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A paralisação dos armadores e pescadores, que vigora desde sexta-feira em todo o país, vai manter-se por tempo indeterminado até que o Governo tome as medidas exigidas pelo sector, decidiram esta segunda-feira as associações e sindicatos da pesca.

«O nosso horizonte (para parar a paralisação) tem a ver com um sinal inequívoco e formal ao sector da vontade do Governo em resolver o problema», afirmou o presidente da Associação de Armadores da Pesca Industrial (ADAPI), Miguel Cunha.

Mais de 20 associações de armadores de todo o país e sindicatos de pescadores estiveram reunidos esta tarde em Peniche, durante cerca de três horas, tendo decidido enviar uma proposta por escrito ao Ministério da Agricultura. A proposta dos armadores e pescadores não foi divulgada.

Pescadores chamam a ASAE

Ministro disponibiliza linha de crédito de 40 milhões

O sector decidiu ainda criar uma comissão constituída por sete elementos para que «de uma vez por todas (¿) haja um canal oficial de comunicação entre o sector e a tutela», disse Miguel Cunha aos jornalistas no final da reunião.

O dirigente associativo lembrou que o sector reclama «medidas de carácter urgente e imediato que salvaguardem as regras concorrenciais com os congéneres de Espanha, Itália e França».

Defendeu ainda a criação de «uma plataforma de entendimento com os governos desses países que possa criar uma task force de pressão institucional e política junto da comissão para alterar as suas regras».

O responsável disse que até agora, e depois da reunião com o sector na semana passada, o ministro anunciou (as medidas) à comunicação social e não aos representantes da pesca.

«O secretário de Estado desenvolveu contactos informais com algumas associações mas não chegámos a qualquer conclusão. Não sabemos o que é uma linha de crédito de 40 milhões, não sabemos como é que se acede nem como funciona, não temos qualquer tipo de pormenor», concluiu.

Miguel Cunha disse ainda que «a paralisação tem valido a pena pois parados estamos a perder menos dinheiro que a trabalhar».

Hipermercados ainda têm peixe

As maiores cadeias de hipermercados e supermercados em Portugal mantiveram o abastecimento de peixe e não registaram qualquer ruptura nos stocks, afirmaram hoje à agência Lusa os principais operadores do mercado.

«Quer o fim-de-semana, quer o dia de hoje decorreram sem problemas», afirmou o secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), José António Rousseau.

José António Rousseau disse também que «não houve qualquer interrupção no abastecimento de peixe [às grandes superfícies], nem rupturas de stocks de peixe».

Já o abastecimento de peixe proveniente das explorações de aquacultura manteve a mesma procura, segundo associações representativas do sector contactadas pela Lusa.

Além disso, disseram as associações, há que ter em conta a importação de diferentes espécies de pescado produzido pela indústria da aquicultura, uma vez que 75 por cento provém de países como a Espanha e a França.

«Embora os pescadores nestes países tenham feito greve para que sejam tomadas medidas que os protejam da subida galopante dos preços dos combustíveis, não se verificou uma quebra significativa na distribuição», adiantaram.

Contactada pela Lusa, a Sonae Distribuição, dona das cadeias Modelo, Modelo Bonjour e Continente, manifestou-se preocupada com «os últimos acontecimentos na fileira da Pesca, que têm repercussões directas no mercado de retalho português e em especial na Sonae Distribuição».

A empresa garantiu à Lusa que «tudo tem feito para cumprir o compromisso dos critérios de qualidade (peixe fresco) e variedade de produtos expostos».
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