Dakar: cancelamento é bom ou mau? - TVI

Dakar: cancelamento é bom ou mau?

  • Portugal Diário
  • 4 jan 2008, 14:01

Turismo não sai afectado, mas divulgação do país pode ficar comprometida

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O PS lamentou hoje a decisão de se cancelar a edição 2008 do rali todo-o-terreno Lisboa-Dakar devido a questões de segurança na Mauritânia, dizendo que se perdeu uma oportunidade para promover Portugal ao nível desportivo e turístico.

A empresa organizadora da prova, a Amaury Sport Organization (ASO), justificou o cancelamento da prova, pela primeira vez na sua história, por razões de segurança na Mauritânia e por «ameaças directas contra a prova».

Em declarações aos jornalistas, o secretário nacional do PS para as Relações Internacionais, José Lello, vincou o interesse da prova para a promoção desportiva e turística de Portugal em termos internacionais.

«É com desagrado que se perde essa oportunidade. Para mais, este ano, o público iria dispor de melhores e mais seguros acessos ás zonas de espectáculo», disse.

No entanto, José Lello reconheceu o peso do factor segurança na decisão da organização de cancelar a prova.

«O fenómeno do terrorismo, infelizmente, é cada vez mais complexo. O mundo está hoje mais perigoso», declarou, numa referência aos cidadãos franceses assassinados em finais de Dezembro na Mauritânia.

«Portanto, em última análise, a decisão de se cancelar a prova acabou por ser algo previsível», afirmou.

«Com a segurança não se pode brincar»

O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD Pedro Pinto considerou hoje que «se há problemas de segurança» o cancelamento da edição deste ano do rali Lisboa-Dakar «foi uma boa decisão».

«Com a segurança não se pode brincar, de maneira nenhuma. Não se podia, de qualquer forma, pôr em risco a vida de milhares de pessoas», declarou Pedro Pinto, na Assembleia da República.

«Nesse sentido, penso que se há problemas de segurança foi uma boa decisão não se realizar este ano o Lisboa-Dakar», acrescentou.

Pedro Pinto lembrou que, enquanto vereador da Câmara Municipal de Lisboa durante a presidência de Pedro Santana Lopes, participou «nas negociações para que o Paris-Dakar passasse a Lisboa-Dakar». «É um evento que prestigia o país, que envolve milhares de pessoas, que tem grande projecção internacional, que é altamente benéfico para nós», defendeu, manifestando a esperança de que no próximo ano o rali todo-o-terreno se realize.

«Cancelamento foi medida prudente»

O líder parlamentar do CDS-PP, Diogo Feio, considerou hoje que o cancelamento da edição deste ano do rali Lisboa-Dacar foi «uma medida prudente da organização da prova, tomada por razões de segurança em relação ao que se passa na Mauritânia».

Diogo Feio sublinhou que, face ao «clima difícil» em termos de segurança, o cancelamento foi «pesando os pratos da balança, uma medida cautelar».

Turismo não sai afectado, mas divulgação do país, sim

O cancelamento do Lisboa-Dakar não afectou a expectativa dos benefícios turísticos para Lisboa com os visitantes relacionados com o evento, mas a «presença» de Portugal em todo o mundo através da transmissão do evento fica comprometida.

Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente do Turismo de Portugal, parceiro institucional para a realização do evento, cujo início estava previsto para sábado, realçou que da parte da organização portuguesa «tudo correu bem, tudo foi feito».

«O governo português apostou na realização desta prova», e o Turismo de Portugal comprometeu três milhões de euros para assegurar a participação do país no evento, especificou.

Com o cancelamento da prova, «teremos de fazer uma análise da sua repercussão» para o país e «ver como actuar» consoante as consequências registadas, disse.

«Todas as formas são possíveis, incluindo a reavaliação do compromisso financeiro para com esta prova», afirmou Frederico Costa, fazendo, no entanto, questão de referir que a decisão de cancelar é muito recente e ainda é necessário contactar com os patrocinadores e analisar a situação.
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