Gisberta: arguido não quer falar - TVI

Gisberta: arguido não quer falar

Testemunhas dizem que Vítor só via agredir e até pedia para pararem

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ACTUALIZADA ÀS 20H

O jovem das oficinas de São José que esta quinta-feira começou a ser julgado no âmbito do «caso Gisberta», não quis prestar declarações. Vítor Santos, actualmente com 18 anos, responde por três crimes de ofensa à integridade física qualificada e um crime de omissão de auxílio.

O depoimento das testemunhas, colegas do arguido, pouco adiantou à acusação, com os jovens a referirem que o arguido não participou nas agressões e, segundo alguns, que até teria pedido para cessarem os maus tratos.



Afastadas técnicas que denunciaram maus tratos

Por seu lado a testemunha, FM, 15 anos, afirmou em tribunal que participou no lançamento do cadáver da vítima ao poço do parque de estacionamento conhecido como Pão de Açúcar. «Nunca viu o arguido no Pão de Açúcar?», questionou o juiz, ao que a testemunha respondeu de forma categórica: «Não. Não».

FM, que várias vezes se escusou a responder, alegando que «já se passaram mais de dois anos», confirmou, no entanto, que foi abordado por colegas no portão da escola para que ajudasse «a arrastar o cadáver para um poço». «Fui lá (ao Pão de Açúcar) para resolver o assunto. Era para ocultar o cadáver», afirmou o jovem que já foi condenado no tribunal de Família e Menores por crime de ocultação de cadáver.

«Eu só arrastei o cadáver. Na altura não pensei no assunto, tinha 13 anos, era uma criança. Não pensei no assunto», reiterou.

«Ele estava apenas a ver, mas não fez nada»

Também a testemunha JC, 16 anos, amigo do arguido, referiu que apenas o viu uma vez no local do crime. «Só o vi uma vez. Foi no dia do espancamento». Inquirido pelo juiz sobre se o arguido teria participado nas agressões, a testemunha respondeu: «Ele estava apenas a ver, mas não fez nada», acrescentando de seguida vários nomes de pessoas que teriam participado nas agressões.

Confrontado com as declarações prestadas na fase de inquérito, em que afirmou que o arguido pediu aos restantes colegas para pararem com as agressões, a testemunha referiu não se lembrar de o Vítor ter pedido para cessarem os maus tratos à vítima.

«Até pedia para não bater mais»

A testemunha FD viu o arguido no local do crime «no dia da porrada», acrescentando que o Vítor Santos «não batia e às vezes até separava, pedia para não bater mais».

Também o jovem RR, com 16 anos, afirmou em tribunal recordar-se de ter ido com o Vítor ao local dos incidentes e admite ter agredido a vítima com um pau no braço.

Quanto ao arguido, afirmou ter a certeza de que este não bateu na transexual e que até lhes pediu para pararem. «Pára, já chega, Já sofreu o suficiente», terá dito o arguido.

Todos os jovens admitiram no entanto que a vítima carecia de tratamento médico e que nenhum dos jovens, incluindo o arguido, o providenciou.

Acusação: «Queria ver se era homem ou mulher»

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), reiterada pelo juiz de instrução, o arguido não estava no local do crime quando o corpo foi lançado ao poço, pelo que não poderá responder por ofensa à integridade física agravada pelo resultado e ocultação de cadáver. No entanto, está a ser julgado por agressões praticadas nos dias anteriores, bem como por omissão de auxílio.

Vítor, que na altura dos factos tinha 16 anos, é acusado de agredir a vítima com paus e pontapés e de, inclusivamente, ter gritado aos restantes, todos mais novos, para que baixassem as calças do sem-abrigo porque, refere o MP, «queria ver se era homem ou mulher». Acrescenta ainda que os jovens «queriam divertir-se à custa do sofrimento alheio». As agressões terão ocorrido em Fevereiro de 2006, num parque de estacionamento, no Porto.

Da parte da tarde, foram ouvidos mais quatro colegas que ilibaram o arguido dos crimes, além do médico-legista que efectuou a autópsia e que concluiu que as lesões não eram suficientes para provocar a morte da vítima.
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