O Ministério do Ambiente suspendeu esta quarta-feira os trabalhos para retirar ninhos de uma muralha em Elvas, onde nidifica uma das maiores colónias de andorinhão-preto do país, na sequência de uma providência cautelar interposta pela Quercus.
«Os trabalhos foram suspensos devido à entrada em tribunal de uma providência cautelar interposta pela Quercus», revelou à Lusa fonte do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB).
A mesma fonte acrescentou que o ICNB «aguarda» a decisão judicial, que deverá ser conhecida durante a tarde, para depois equacionar como vai agir neste processo.
A Quercus avançou na segunda-feira, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco, com uma providência cautelar para suspender a eficácia da licença da remoção de ninhos.
«O que nós queremos, em nome do bom senso, da transparência e de danos que podem ser irreversíveis, que seja adiado por 48 horas a remoção dos ninhos», afirmou o vice-presidente da Quercus, Nuno Sequeira.
As autoridades pretendem retirar os ninhos da muralha da Igreja de São Paulo, um espaço que pertence ao Exército, para proceder à demolição da respectiva muralha que, segundo as autoridades, está em «risco de ruir».
A Quercus considera que a remoção dos ninhos poderá provocar a morte à maioria das crias. De acordo com Nuno Sequeira, trata-se de uma operação que está «condenada ao fracasso», uma vez que o acesso aos ninhos é «limitado».
«E as poucas crias que sairão daqui (retiradas pelo ICNB) estão condenadas à morte dado que a taxa de sucesso deste tipo de aves em cativeiro situa-se entre os zero e cinco por cento», acrescentou.
Entretanto, o ICNB pediu ao Exército para avaliar a possibilidade de se suspender a obra até à conclusão da nidificação na colónia e a alternativa de ser criado um perímetro de segurança para evitar riscos para a segurança pública.
O Exército informou o ICNB do «risco de desmoronamento» e da «não exequibilidade de um perímetro de segurança, considerando que o adiamento dos trabalhos de demolição colocaria em risco vidas humanas», argumentos que levaram à emissão da licença «extraordinária» do instituto.
O ICNB comprometeu-se a «tentar maximizar as possibilidades de recolha dos espécimes da colónia», que serão encaminhados para os seus centros de recuperação de animais selvagens.
Quercus consegue adiar remoção de ninhos de aves protegidas
- Redação
- VG
- 7 jul 2010, 16:25
Ministério obrigado a suspender trabalhos para retirar ninhos de uma muralha em Elvas por causa de providência cautelar
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