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Economistas: é preferível não ter Orçamento que ter um mau

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Economistas focam-se na necessidade de mudar política económica de vez

Os economistas recebidos esta terça-feira por Pedro Passos Coelho já começaram a sair. Poucos quiseram ser assertivos sobre a necessidade de se aprovar ou não o Orçamento do Estado (OE) para 2011. João Salgueiro foi o mais crítico: na opinião deste economista, mais vale não ter Orçamento que ter um que seja mau.

Questionado pelos jornalistas se o OE devia ou não ser aprovado, respondeu que «pode haver uma primeira proposta, uma segunda, uma terceira, nisso não me meto, é com o Parlamento». Mas «É claro que é possível (que não haja orçamento). Porque é que não há-de ser? Isso é indiferente, é necessário é seguir as políticas correctas e o Governo não está a fazer isso».

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Quanto à possibilidade de o país ser governado em duodécimos na ausência de um OE, Salgueiro não se mostrou chocado. E sobre a possibilidade de isso piorar ainda mais a situação, disse: «Se não agravar agora e tivermos um OE errado, teremos uma situação pior no fim do ano».

«Perdemos um ano inteiro, quer perder um segundo ano?», questionou. Para o ex-presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), o que é preciso é «ter um OE que sirva, se este OE não servir¿», não deve ser aprovado.

É fundamental mudar a política económica

O economista sublinhou ainda que têm de ser os portugueses a inverter o curso da economia nacional. «O médico são os portugueses. Os portugueses é que têm que chegar a uma conclusão. Não podem suportar o que se tem passado em Portugal. Têm de perceber que não há almoços grátis, têm que lutar».

Quanto à necessidade de um entendimento entre o Governo e o PSD, foi lacónico. «Não há só uma solução, há vários partidos, se alguém tem melhores soluções que as diga».

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Os economistas preferiram olhar além da crise política e orçamental actual e focar-se na necessidade de corrigir as políticas económicas.

Eduardo Catroga preferiu centrar-se no crescimento económico e emprego, variável chave para o país. «Precisamos de mudar de ênfase na política económica». E nisso concorda com a OCDE: «eventuais aumentos de impostos sobre consumo (IVA) deveriam representar redução dos encargos sociais sobre factor trabalho para reduzir custos produção das empresas favorecendo competitividade do emprego».

«Com esta política vamos continuar a ter mais desemprego, não podemos continuar a insistir na receita dos últimos dez anos».

Subida dos juros não se deve só à crise política

Também este economista considerou que coisas piores podem acontecer ao país do que ver chumbado o Orçamento para 2011. Questionado sobre o que poderá acontecer se a proposta do Governo não passar, respondeu com outra pergunta: «O que pode acontecer ao pais se continuarmos com caminho da estagnação e do desemprego? Os juros já estão a agravar-se, é consequência da política dos últimos 10 anos e não apenas da crise dos mercados financeiros».

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Sobre eventuais cortes de salários ou 13º mês na função pública, disse que «tudo depende das opções políticas» e que há mais por onde cortar.

Quem não está pelos ajustes com a OCDE é António Nogueira Leite. O economista classifica as palavras do secretário-geral da organização, Angel Gusrría como «absolutamente inaceitáveis» e diz que o mesmo «prestou um péssimo serviço» à organização.

«São palavras absolutamente inaceitáveis de um senhor que fez parte de um Governo que durante 70 anos teve o México sob mão de ferro, naquilo a que muita gente apelidou da ditadura perfeita, esse senhor de facto não tem nível para estar no lugar que está», disse.

Sobre a subida dos juros da dívida publica, que bateram um novo recorde, atribui a culpa ao Governo, que «não tem governado».

«Se tivermos em conta as obras faraónicas dos vários ministros, das obras públicas, levam uma dívida global na casa dos 120 por cento do produto, não tem perspectivas de crescimento, tem um desemprego crescente, o que acha que os nossos credores pensam sobre a nossa forma de pagar a divida?», acrescentou.

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