Ricardo Salgado considera que deu «um grito de alarme» ao primeiro-ministro, ao Presidente da República e à ministra das Finanças sobre o «risco sistémico» dos problemas do GES virem a afetar o BES, mas lamenta que Passos Coelho lhe tenha proposto uma solução «inviável»: a renegociação com os credores. Na primeira reunião que teve com Passos, a 7 de abril, o ex-presidente do BES garante que leu ao primeiro-ministro a carta que tinha enviado ao governador do Banco de Portugal em 31 de março.
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«Essa carta é o terceiro grito de alarme à iminência do risco sistémico que poderia acontecer antes do aumento de capital. O senhor primeiro-ministro ouviu e devolveu-me a carta, porque não lhe era dirigida».
«Dei esse grito de alarme ao primeiro-ministro, ao Presidente da República e à ministra das Finanças. Mais não poderia fazer».
No entender do ex-presidente do BES, era «fundamental um apoio institucional», na forma de um «empréstimo de médio prazo», que poderia ser feito através de um «sindicato bancário internacional».
Segundo Ricardo Salgado, esse apoio institucional era «importante» para mostrar que «havia consciência do Governo» de que estaria a «apoiar um grupo tão importante».
O primeiro-ministro defendeu então que Salgado devia «negociar com os credores», o que era «completamente inviável», porque o BES tinha «milhares de clientes em Portugal, na Suíça e noutros países».
«O primeiro-ministro não terá sido informado pelo governador, que nos tinha imposto o ring-fencing e portanto não tínhamos outra alternativa a não ser reembolsar o passivo e vender os nossos ativos sob pressão».
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Mais tarde, notou que apenas procurou, junto do Governo, «um apoio recíproco», recordando que o GES tinha «ajudado» muito quando «o Estado estava falido». Ajuda essa que chegou a ser reconhecida por Vítor Gaspar.
«O ex-ministro das Finanças agradeceu-me duas vezes por chamadas telefónicas o apoio que o GES estava a dar ao país. Ele agora pode desmentir...»
«Espanta-me muito. Nós antes de sairmos tínhamos forma de organizar uma recapitalização privada. Depois de sairmos apareceu ainda um fundo americano a poder recapitalizar o banco. O Banco de Portugal nem respondeu, não disse nada».
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