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Kosovo: resgate fictício numa aldeia alentejana

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A pacata aldeia alentejana de Cabeça Gorda (Beja) transformou-se esta segunda-feira numa povoação kosovar, onde um resgate fictício e tumultuoso de uma minoria sérvia refugiada numa igreja testou a força portuguesa que vai para o Kosovo, em Março.

A nova força, constituída por 290 militares do 1º Batalhão de Infantaria Pára-quedista do Regimento de Infantaria (RI) 15, de Tomar, que pertence à Brigada de Reacção Rápida (BrigRR) do Exército Português, vai render o efectivo do 2º Batalhão de Infantaria do RI14, de Viseu, que regressa em Março, após seis meses de missão.

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À semelhança das anteriores, a nova força vai em missão de «reserva táctica» do Comandante da Força no Kosovo (KFOR), liderada pela NATO, ou seja, vai estar pronta para actuar «em quaisquer ponto e situação» do Teatro de Operações (TO) no Kosovo, explicou o comandante da BrigRR, o major-general Carlos Jerónimo.

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Trata-se de operações de reserva, de vigilância de fronteiras, de combate ao contrabando, de resposta a crises e de controlo de tumultos.

O responsável falava aos jornalistas em Cabeça Gorda, durante uma simulação do exercício militar «Pristina 081», que decorre, até quinta-feira, no concelho de Beja, para preparar a nova força que vai para o Kosovo.

Cabeça Gorda transformou-se em Vrbovac

Durante o exercício de hoje, que decorreu sob o olhar curioso de vários habitantes, Cabeça Gorda transformou-se na povoação de Vrbovac, de maioria albanesa e situada na região de Urosevac, no Sul do Kosovo, onde a tensão inter-étnica entre a população local se «agravou» nos últimos dias, depois do «atropelamento» de uma criança albanesa.

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Após vários dias de tumultos, a polícia local «perdeu o controlo da situação» e pediu apoio à KFOR, cujos militares portugueses tinham hoje como missão fictícia resgatar 15 pessoas de uma minoria sérvia, que se refugiaram numa igreja de Vrbovac.

Durante o resgate, nos arredores da igreja, figurantes alentejanos tornaram-se albaneses e começaram uma manifestação hostil contra a força da KFOR, que retirava os refugiados sérvios.

Os tumultos agravaram-se no final da operação, quando os populares reforçaram a manifestação hostil, gritando palavras de ordem e arremessando vários objectos, como garrafões com água, contra a coluna militar da KFOR que abandonava o largo da igreja já com os 15 sérvios resgatados.

«A gente é quem manda aqui», gritavam os figurantes em confronto com os militares que tentavam controlar a manifestação, enquanto uma velhota, entre os habitantes de Cabeça Gorda que assistiam ao exercício, exclamou: «Se houver cá uma guerra, já sei como temos que nos defender. É com garrafões!».

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Após alguns minutos de confrontos, os militares conseguiram identificar e deter os «líderes» da manifestação hostil e controlar os tumultos, que terminaram com os figurantes a «despir a pele» de manifestantes, a acalmar e a dispersar, batendo palmas aos militares portugueses.

Segundo o tenente-coronel Serra Pedro, que vai comandar a força portuguesa no Kosovo, o exercício de hoje permitiu testar a capacidade dos militares para controlar tumultos, que poderá ser o «maior risco» e uma das operações «mais prováveis» que a força poderá enfrentar.

Durante o exercício, «foram detectadas algumas falhas que vão ser corrigidas», disse Serra Pedro, salientando que a força «têm que estar preparada para intervir em todos os cenários à ordem do comandante da KFOR».

Em termos de meios, o major-general Carlos Jerónimo garantiu que a força dispõe de equipamento «adequado» e «adquirido recentemente», para «enfrentar qualquer situação de controlo de tumultos».

Leia e veja a reportagem do PortugalDiário com os militares que vão para o Afeganistão

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