Às afirmações do eurodeputado britânico Roger Knapman, do UK Independence Party (UKIP), Ana Gomes reage com veemência: «Não nos intimidamos com esses comentários que vêm de um sector minoritário, de extrema-direita, que não representa os cidadãos britânicos».
Esses comentários, a que a eurodeputada socialista se refere, atingem a Polícia Judiciária que, segundo o seu colega do UKIP, é «corrupta» e responsável por «uma investigação falhada» no caso Maddie.
PUB
Os mimos às autoridades portugueses continuam com frases como «Portugal não tem historial de direitos humanos, de liberdade e democracia», e o «sistema judicial é, como se sabe, suspeito».
Mas há mais: «Muitos polícias foram treinados sob o regime fascista e as instituições ainda reflectem os efeitos de um longo período ditatorial». Por isso, na carta do eurodeputado - escrita pelo punho do seu assessor com o consentimento do político - pode ler-se ainda que «em qualquer circunstância os cidadãos britânicos devem ser protegidos contra sistemas estrangeiros duvidosos».
«Afirmações inqualificáveis»
Os cidadãos britânicos, a que o eurodeputado se refere, são os McCann, mas para o Ministério da Justiça esta não é a leitura das autoridades ingleses. «Trata-se de afirmações inqualificáveis do UKIP, que não traduzem de todo, em tudo, a posição das autoridades britânicas», adiantou ao PortugalDiário fonte do gabinete do ministro Alberto Costa, que tutela a Polícia Judiciária.
PUB
O Procurador-Geral da República (PGR), Pinto Monteiro, também já reagiu, em declarações à agência Lusa: «As acusações feitas ao sistema judicial português e à Polícia Judiciária não têm qualquer fundamento e são até contraditórias com o que o Governo inglês e a Polícia desse país [Inglaterra] têm afirmado».
O director nacional da Polícia Judiciária, Alípio Ribeiro, classificou de «torpes» e «irresponsáveis» as declarações prestadas pelo assessor do eurodeputado britânico: «Tenho a certeza que as autoridades do Reino Unido e que os seus cidadãos, na sua generalidade, não as subscrevem. Nada nos demoverá de continuarmos a nossa actividade policial dentro de princípios de estrita legalidade democrática».
Ana Gomes concorda e acrescenta ao PortugalDiário que estes comentários «não nos intimidam, já que vêm de um grupo anti-europeu, xenófobo, que desconfia de tudo». Por isso a visão «das nossas instituições é completamente distorcida, parcial e partidária».
A socialista frisa que as declarações não devem afectar a PJ, que está a fazer o seu trabalho, e sublinha que o deputado «é bastante apagado na sua família política»: «São minoritários aqui [no Parlamento Europeu] e no Reino Unido».
PUB
«Não conhece a polícia nem a investigação»
Ilda Figueiredo, também eurodeputada, concorda. «As declarações não têm credibilidade e demonstram que o eurodeputado não conhece a polícia portuguesa, nem a investigação que está a ser levada a cabo», afirma ao PortugalDiário.
A dirigente comunista interroga-se, contudo, «qual será a intenção destas declarações».
Questionada se esta seria a nossa imagem juntos de países como o Reino Unido, e outros representados no Parlamento Europeu, Ilda Figueiredo garante que não. «É uma declaração isolada: sabe que aqui é como na farmácia... há de tudo».
Leia na íntegra a carta de Roger Knapman sobre Portugal, a PJ e a investigação do caso Maddie.
PUB