Défice: dá razão à «nega» do PEC ou culpa é das regras? - TVI

Défice: dá razão à «nega» do PEC ou culpa é das regras?

Partidos de Esquerda alertam que «buracos financeiros» serão pagos pelos contribuintes. PS culpa nova metodologia

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Os partidos de Esquerda reagiram esta quinta-feira à revisão em alta do défice de 2010, para 8,6% do PIB anunciada pelo INE, considerando que dá razão ao chumbo «claro» da quarta versão do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC 4). O CDS sublinha o impacto do BPN, negado pelo Governo, enquanto o líder parlamentar do PS justificou os novos números com a nova metodologia utilizada.

«É tempo de o Governo deixar de se vitimizar como tem feito nos últimos tempos e de tentar acusar o PCP pelo facto de ter proposto a rejeição do PEC 4», disse o comunista Honório Novo, citado pela Lusa.

O deputado reiterou que o chumbo do PEC 4 foi a melhor solução para o país e lembrou que o PCP «foi o único partido que rejeitou claramente a nacionalização do BPN» que «se traduz agora num buraco de 1.800 milhões de euros ou um por cento do PIB» e em «buracos no sistema financeiro que agora os portugueses estão a pagar».

O deputado apontou ainda a existência na revisão hoje anunciada de «um novo buraco financeiro», o do BPP, que «vai obrigar ao pagamento de 450 milhões de euros pelas garantias prestadas a um sindicato bancário que meteu lá 450 milhões de euros».

«Governo não apresenta solução para os buracos»

Opinião idêntica tem o Bloco de Esquerda para quem a revisão em alta do défice é uma «confirmação do engano» do valor anteriormente anunciado pelo Governo, acusando-o de continuar a não apresentar uma solução para os «buracos financeiros do sistema bancário».

O deputado Heitor Sousa, criticou também que «este aumento do défice resultante da internalização do efeito BPN dá-se numa situação em que o Governo não tem ainda nenhuma ideia para a solução do caso BPN, como, aliás, de todos os buracos que ainda existem no sistema financeiro português».

«O buraco financeiro do BPN e de outras instituições financeiras ainda não está estancado e ainda vai continuar a reservar surpresas para todos nós e constituir uma ameaça sobre os impostos dos portugueses. No final de contas, quem vai acabar por cobrir estes buracos financeiros será o Orçamento de Estado, ou seja, todos nós», disse o bloquista citado pela Lusa.

Governo rejeita, mas BPN tem impacto

Consternado também com as contas dos buracos financeiros está o CDS que, em reacção aos novos números divulgados hoje, sublinhou o «impacto do BPN» nas contas públicas, contra aquilo que o Governo foi dentro.

«Sempre dissemos que os crimes cometidos no BPN e a falta de supervisão em relação ao BPN iam ter reflexos nas contas públicas. O Governo foi negando. Agora temos aqui um reflexo de 1,8 mil milhões de euros e vemos como o défice é atingido de uma forma muito considerável pelo impacto das contas do BPN», disse Assunção Cristas.

A deputada também pediu explicações ao Governo pelo «aumento de 10 pontos percentuais no peso da dívida pública no PIB. É muito grave».

Novas regras, novos números

Já o líder parlamentar do PS, Francisco Assis, escusou-se a comentar a revisão do défice, remetendo-se à «explicação pertinente» dada pelo ministro das Finanças sobre a mudança de metodologia.

«O senhor ministro das Finanças já fez uma alteração de metodologia que, inevitavelmente, levaria a uma alteração do valor final e que a comparação a fazer face ao valor previsto tem que ser feita tendo em consideração essa alteração de metodologia e introduzindo um factor de correcção», disse Assis aos jornalistas no Parlamento.

«Parece-me uma explicação pertinente, não tenho mais nada a acrescentar».
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