Insónia pode estar ligada a um risco maior de ataque cardíaco - TVI

Insónia pode estar ligada a um risco maior de ataque cardíaco

  • CNN
  • Kyla Russell
  • 5 mar 2023, 17:00
Não dormir o suficiente pode prejudicar o seu sistema imunitário e desencadear inflamações (CNN)

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Não é segredo que o sono é importante para a saúde geral, mas a falta de sono pode ter efeitos substanciais no coração, mostra um novo estudo. Segundo os investigadores, as pessoas com insónias têm mais probabilidades de ter um ataque cardíaco.

A insónia é o distúrbio do sono mais comum nos EUA, de acordo com a investigação, que indica que 10% a 15% das pessoas no país sofrem com esta dificuldade.

A meta-análise de estudos anteriormente divulgados, publicada na revista Clinical Cardiology, sugere ainda que a potencial associação entre insónia e risco de ataque cardíaco é mais forte em mulheres.

Martha Gulati, diretora de prevenção no Cedars-Sinai Smidt Heart Institute, disse que a maioria dos seus pacientes são mulheres e que a insónia é um fator de risco notável para mulheres que tiveram qualquer forma de doença cardíaca isquémica.

"A insónia é de facto bastante comum. Vemo-la provavelmente em um em cada dez pacientes nos Estados Unidos", indicou Gulati, que não esteve envolvida na nova investigação. "Quase todas as pessoas terão sofrido de insónia em algum momento da sua vida. A estimativa é que um em cada dois adultos tenha insónia em algum momento da sua vida, talvez a curto prazo, devido a momentos de stress."

Para o estudo, os investigadores - de instituições médicas do Egipto, da Arábia Saudita e do Paquistão, bem como das universidades norte-americanas de medicina SUNY e Harvard - definiram a insónia como um distúrbio do sono com três sintomas principais:

  • Dificuldade em adormecer
  • Dificuldade em manter o sono
  • Acordar cedo e não conseguir voltar a dormir

A análise incluiu mais de 11 anos de dados de 1.184.256 adultos nos EUA, Reino Unido, Noruega, Alemanha, Taiwan e China.

Dos participantes, 153.881 tinham insónia e 1.030.375 não tinham. Os investigadores descobriram que as pessoas com insónia tinham 1,69 vezes mais probabilidades de ter um ataque cardíaco do que as pessoas sem insónia. Os números de ataques cardíacos eram, contudo, relativamente baixos - ocorrendo em cerca de 1,6% das pessoas com insónia e em 1,2% das que não tinham.

O estudo também encontrou uma associação entre o aumento do risco de ataque cardíaco e quanto tempo um participante dormia todas as noites. Aqueles que dormiram cinco horas ou menos tinham a maior associação com risco de ataque cardíaco e tinham 1,56 vezes mais probabilidade de ter um ataque cardíaco do que as pessoas que dormiram sete ou oito horas.

Uma duração de sono mais longa nem sempre foi mais protetora. O estudo concluiu que as pessoas que dormiam seis horas por noite tinham um risco menor de ataque cardíaco do que aquelas que dormiam nove horas ou mais.

"Muitos estudos apontam entre sete e oito horas de sono como o número mágico", observou Gulati. "Há, obviamente, variabilidade para todos, mas dormir demais raramente é o problema."

O estudo diz que o aumento do risco de ataque cardíaco entre pessoas com insónia persistiu independentemente da idade ou do sexo.

Gulati explicou que há várias maneiras pelas quais a falta de sono poder criar um risco mais elevado de ataque cardíaco. A regulação do cortisol é central.

O cortisol é uma hormona responsável por regular a resposta do corpo ao stress. Se os níveis forem muito altos, irá aumentar a pressão sanguínea. Quando uma pessoa dorme bem, a sua pressão arterial baixa durante a noite.

"O que acontece quando não se dorme o suficiente é que o cortisol fica fora de si", disse Gulati. "Se está a ter problemas de sono, sabemos que a sua pressão arterial é mais elevada à noite."

Pressão arterial mais elevada durante a noite causada pelo desequilíbrio do cortisol é uma das vias potenciais para um aumento do risco de doença cardíaca, sublinhou.

Os autores do estudo afirmaram ainda que a insónia deve ser considerada um fator de risco nas diretrizes para a prevenção primária de doenças cardiovasculares.

"Agora temos provas de que o sono é remédio", disse um dos autores do estudo, Hani Aiash, cardiologista e professor assistente na SUNY. "Portanto, um bom sono é uma prevenção."

"Se não dormiu bem, abaixo de cinco ou seis horas, está a expor-se a um risco mais elevado de enfarte do miocárdio. O padrão de sono é muito importante", acrescentou.

No entanto, "não precisamos de nove horas", disse Aiash. "Acima de nove horas também é prejudicial."

Para evitar a insónia e melhorar o sono, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA recomendam cinco passos simples:

  1. Ser consistente em dormir no mesmo horário todas as noites e acordar no mesmo horário todas as manhãs, incluindo fins de semana. Isto ajuda a estabelecer um ritmo para o seu corpo;
  2. Certifique-se de que o seu quarto é um espaço relaxante, calmo e escuro, com uma temperatura confortável;
  3. Em seguida, retire smartphones, televisores e computadores do quarto;
  4. Evitar grandes refeições, cafeína e álcool antes de dormir dá ao seu corpo a melhor hipótese de dormir bem;
  5. Finalmente, permanecer ativo durante o dia.

Se ainda assim continuar a lutar contra a insónia, consulte um médico sobre outras soluções e tratamentos, diz o CDC.

*John Bonifield contribuiu para este artigo

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