Mubarak: «Pedi ao Governo para se demitir hoje» - TVI

Mubarak: «Pedi ao Governo para se demitir hoje»

Presidente egípcio diz que respeita a liberdade de expressão, mas que não deixará cair o país no caos. Obama quer fim da violência e de cortes nas comunicações. Número de mortos subiu para 24, com seis novas vítimas em Alexandria

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Última actualização às 23:50

O presidente do Egipto, Hosni Mubarak, anunciou esta sexta-feira, numa comunicação ao país, que pediu ao governo para se demitir e que este sábado será designado um novo executivo. O chefe de Estado não deu qualquer indicação que deixará o poder, a principal reivindicação dos manifestantes. Disse apenas que não deixará cair país «no caos».

«Pedi ao governo para se demitir hoje e vou designar um novo governo amanhã [sábado]», disse o chefe de Estado esta sexta-feira à noite, numa declaração feita ao final do quarto dia de intensos protestos, que se saldou em pelo menos 24 mortos e mais de 1100 feridos .

A declaração havia sido anunciada a meio da tarde. Mas só várias horas depois é que Mubarak apareceu na televisão egípcia para se dirigir ao país, numa altura em que vários boatos sobre a possibilidade de que poderia ter abandonado o Egipto eram objecto de especulação nas cadeias de televisão internacional.

Mubarak disse estar ciente dos problemas que levaram a população a sair à rua - algo sem precedente nas últimas décadas. O chefe de Estado, que está no poder há quase 30 anos e têm sido o principal alvo dos protestos, sublinhou que está ao lado das forças de segurança, para evitar deixar cair o país no «caos».

«Os problemas que enfrentamos não podem sem resolvidos pela violência, apenas pelo diálogo nacional», referiu. O presidente lamentou as «vítimas inocentes», tanto do lado dos manifestantes como da polícia. Porém, salientou que não pode «tolerar que o medo persiga o povo». «Tomarei todos os passos para garantir a segurança».

«Os incidentes de hoje e dos últimos dias deixaram a maioria dos egípcios com medo do futuro, com medo de mais caos e destruição», afirmou. «Há uma fina linha que separa a liberdade do caos».

Mubarak disse que dará prioridade às «aspirações do povo» de mais democracia, emprego e melhoria de condições de vida. «Tenho uma firme convicção que continuaremos as nossas reformas políticas, económicas e sociais», frisou.

Na comunicação que fez, Hosni Mubarak não fez qualquer referência ao corte nas comunicações do país, nem a Mohamed ElBaradei, o prémio Nobel da paz de 2005 e opositor do seu regime, que se juntou aos manifestantes esta sexta-feira de manhã, e estará em prisão domiciliária.

Obama pede «passos concretos»

Pouco depois desta declaração, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que falou telefonicamente com Mubarak, sublinhando a necessidade do seu homólogo «dar significado às palavras» que dirigiu ao povo egípcio.

Obama salientou ainda a necessidade de serem levantadas as restrições que foram impostas às comunicações no país e de refrear a actuação violenta das forças de segurança.

«Acredito que o povo egípcio quer o que todos nós desejamos: uma vida melhor para os nossos filhos e um governo justo», apontou, prometendo o empenho do governo norte-americano em trabalhar com o executivo e o povo egípcios.
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