O «Russia Today», que tem sido criticado por fazer «propaganda a favor do Governo russo», sugeriu a Ucrânia foi a culpa pelo acidente, enquanto a maioria dos órgãos de comunicação social disseram que o aparelho foi abatido por um míssil de fabrico russo.
«Foi uma desinformação óbvia chocante e chegou a um ponto em que eu não podia defendê-la mais», afirmou Sara Firth ao jornal inglês «The Guardian».
«Quando esta história rebentou, esse foi o momento em que eu soube que tinha que sair. Entrei na redação e havia uma testemunha ocular a fazer alegações [contra a Ucrânia] e uma análise, se assim se pode chamar, ao nosso correspondente no estúdio», continuou.
«Foi terrível, numa situação como esta, onde há famílias à espera de serem informadas e uma devastadora perda de vidas», disse ainda Sara Firth.
E acrescentou: «Eu sempre lutei contra o argumento de que o Russia Today é um canal de notícias do mal, mas você acorda e pensa, isso é simplesmente errado».
«Não foi uma decisão fácil, eu comecei a minha carreira no Russia Today, e respeito muitos dos que lá trabalham. No fim, cheguei a um ponto em que já não podia defendê-lo e em que já não acreditava que havia algo para defender. Uma história como esta realmente põe tudo em evidência», concluiu.
Sara Firth escreveu no Twitter: «Hoje demiti-me do Russia Today. Tenho um enorme respeito por muitos na equipa, mas eu sou pela verdade».
I resigned from RT today. I have huge respect for many in the team, but I'm for the truth. pic.twitter.com/mZ1g0R7N0D
¿ Sara Firth (@Sara__Firth) 18 julho 2014
Numa indicação do que estava para vir, Sara Firth já antes tinha publicado no Twitter: «Guia de estilo RT Regra 1: A culpa é sempre culpa da Ucrânia * (* adicionar o nome conforme o caso).»
RT style guide Rule 1: It is ALWAYS *Ukraine's fault (*add name as applicable)
¿ Sara Firth (@Sara__Firth) 18 julho 2014
Sara Firth é a segunda jornalista do Russia Today a demitir-se este ano. Em março, logo após a ação militar da Rússia na Ucrânia, a pivô norte-americana do Russia Today Liz Wahl renunciou em direto , afirmando que não que não pode compactuar com um canal que «branqueia as ações [do Presidente russo, Vladimir Putin».
Um outro pivô do mesmo canal de notícias, Abby Martin, também se manifestou contra a ação militar russa na Ucrânia, um dia antes de Liz Wahl. Mas Abby Martin continua a trabalhar no Russia Today.