Timor, 10 anos depois: Xanana não está satisfeito - TVI

Timor, 10 anos depois: Xanana não está satisfeito

Xanana Gusmão - ANDRE KOSTERS/LUSA

Primeiro-ministro lembra que ainda há muito que fazer

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse esta sexta-feira em entrevista à agência Lusa que dez anos depois da restauração da independência não se sente satisfeito porque «ainda há muito para fazer».

«Como balanço eu não posso dizer que estou satisfeito, na medida em que ainda há muito para fazer. O que podemos dizer é que conseguimos resolver os nossos problemas, mais pela identificação das causas desses problemas», afirmou o primeiro-ministro timorense.

«Depois de tantos anos de luta, a sociedade tornou-se bastante exigente a querer que as coisas aparecessem imediatamente», afirmou Xanana Gusmão.

Segundo o antigo líder da guerrilha timorense e primeiro Presidente da República após a restauração da independência, as pessoas «não quiseram compreender» que não havia dinheiro nos primeiros anos.

«Não quiseram compreender que eram também os primeiros passos na liderança da constituição do Estado e viemos a cometer erros», salientou.

Timor-Leste celebra no domingo o 10.º aniversário da restauração da independência, dia em que também toma posse o novo Presidente do país, Taur Matan Ruak.

Desde a restauração da independência, a 20 de maio de 2002, Timor-Leste viveu período cíclicos de instabilidade com a crise política e militar de 2006 a colocar o país à beira da guerra civil.

A estabilidade voltou ao país, em 2008, após o ataque contra o Presidente cessante, José Ramos-Horta, que ficou gravemente ferido, e uma emboscada a Xanana Gusmão

Para Xanana Gusmão, os timorenses souberam reconsiderar e «reconhecer os erros» e a beneficiar das receitas petrolíferas. O Fundo Petrolífero dispõe atualmente de mais de 10 mil milhões de dólares. «Conseguimos reorientar o país», afirmou.

Xanana Gusmão lembrou que foram feitas reformas importantes ao nível da polícia e forças armadas, ambas no centro da crise política e de segurança de 2006.

«A nossa polícia conseguiu já provar que podemos contar com eles», referiu.

Sobre a saída da Força de Estabilização Internacional e a Missão Integrada da ONU no final do ano, Xanana Gusmão afirmou acreditar que o «povo timorense não vai deixar tantos países que ajudaram defraudados nas suas expetativas».

Em relação às legislativas, que se realizam a 07 de julho, o primeiro-ministro timorense disse estar tão otimista como todos os outros partidos e afasta coligações pré-eleitorais.

«Na nossa conferência de janeiro nós dissemos que vamos tentar o melhor e que as coligações só podem ser assunto depois das eleições», afirmou.

Xanana Gusmão é o presidente do Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste, que nas legislativas de 2007 ficou em segundo lugar com cerca de 24 por cento dos votos.

O CNRT formou governo em 2007 na sequência de uma coligação pós-eleitoral com o Partido Social Democrata, a Associação Social Democrata Timorense, e o Partido Democrático.
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