No início desta semana, 858 medicamentos estavam em rutura nas farmácias, entre os quais há 33 substâncias que não têm alternativa dentro da mesma molécula, obrigando os médicos a optar por outro tratamento para o doente, e três que não têm opção terapêutica.
Em declarações ao Jornal de Notícias, o bastonário da Ordem dos Médicos reconhece que a situação é "preocupante", afirmando que "os médicos fazem de tudo para encontrar soluções para os doentes" mas cabe ao Estado monitorizar e encontrar alternativas.
Os dados, que foram obtidos através da plataforma de Gestão da Disponibilidade do Medicamento que está disponível no site do Infarmed, mostram que esta é uma situação constante e que está relacionada sobretudo com problemas na produção dos medicamentos, sejam de marca ou genéricos. Há ruturas que levam meses a serem corrigidas, e outras que duram poucos dias.
Entre os fármacos indisponíveis, destaca-se o Inderal, utilizado no tratamento da hipertensão e da angina de peito, e que entrou em rutura em setembro e cuja reposição só está prevista para o início do próximo ano. Até lá, os Infarmed permite que os hospitais e farmácias adquiram o fármaco através de uma Autorização de Utilização Excecional (AUE).
Os problemas no fabrico da substância ativa também levaram à rutura da Nimodipina, indicada na prevenção e tratamento de défices neurológicos isquémicos, e cuja data de reposição está prevista para o final do ano. À semelhança do Inderal, o Infarmed indica que esta substância também pode adquirida por AUE.
Outro fármaco em rutura é o Champix, indicado para o tratamento do tabagismo. De acordo com o Jornal de Notícias, as embalagens foram retiradas do mercado pelo fabricante depois de ter sido detetada a presença de uma impureza, em setembro do ano passado. A reposição também está prevista para março de 2023, mas o Infarmed nota que há alternativas a este fármaco disponíveis no mercado.
Porém, há outros medicamentos que estão em falta e que não estão incluídos nestes dados da Gestão da Disponibilidade do Medicamento, como é o caso do Ozempic, indicado para o tratamento da diabetes tipo 2 e que está em falta por ser prescrito para a redução de peso, como noticiou recentemente a TVI/CNN Portugal.