BE compara discurso de Vítor Gaspar aos tempos do salazarismo - TVI

BE compara discurso de Vítor Gaspar aos tempos do salazarismo

Luís Fazenda

Luís Fazenda disse que ministro agitou «velhos fantasmas da política portuguesa»

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O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, disse, nesta quarta-feira, que o discurso do ministro das Finanças evoca «velhos fantasmas da política portuguesa», com ecos de um velho lema do Estado Novo.

Fazenda falava durante uma audição da comissão permanente da Assembleia da República a Vítor Gaspar. Alguns minutos antes, Gaspar alertara para os «riscos potencialmente catastróficos» de «tornar mais difícil» o cumprimento do programa da troika.

Para Fazenda, o ministro estava a sugerir que os críticos do Governo e do programa da troika não são patriotas, evocando sem o mencionar o slogan do salazarismo «tudo pela nação, nada contra a nação».

O líder parlamentar do BE criticou Gaspar por agitar «velhos fantasmas da política portuguesa»: «Aqui é a casa da democracia.»

Fazenda perguntou a Gaspar se o Governo vai fazer um orçamento retificativo ou adotar mais medidas extraordinárias ainda este ano: «O que vai fazer para ajustar [o défice orçamental à nova meta de] cinco por cento?»

O ministro admitiu que haverá um orçamento retificativo, a apresentar na mesma data que o orçamento para 2013, e disse ainda que vai haver «medidas temporárias».

O Bloco de Esquerda afirmou, também, que o país chegou ao «impensável» e só há uma resposta. «Contra o maior ataque ao direito ao trabalho e ao salário não há resposta senão a mobilização social», disse a deputada Cecília Honório.

«É este o compromisso do Bloco de Esquerda e de todos os portugueses e portuguesas: no dia 15 de setembro, no dia 1 de outubro, em todas as jornadas de luta, enfrentar o primeiro-ministro como cidadãos e cidadãs, como pais e como mães, e para lhe dizer: ah, pois não, senhor primeiro-ministro, esta história não acaba assim», acrescentou a deputada, que fazia referências à mensagem que Pedro Passos Coelho escreveu na rede social Facebook, «o momento piegas» do primeiro-ministro, segundo Cecília Honório.

A deputada prometeu que o BE «não baixará os braços até destruir as políticas do Governo» e a «austeridade cega», sublinhando que até o «coro dos patrões» veio a público dizer «aquilo que era óbvio»: «Se ninguém tiver dinheiro para comprar os seus produtos não há emprego para ninguém».

«Se já não ouvem ninguém, escutem ao menos Bagão Félix ou Alexandre Relvas», observou.

Para o BE, o país «os trabalhadores com o salário mínimo vão financiar com 7 por cento do seu salário bruto os seus patrões», naquilo que é «o maior e mais brutal ataque do poder ao direito do trabalho em democracia».

Perante os números recentes das contas públicas, em nome dos quais se tomaram medidas de austeridade, o Governo devia assumir que «falhou», considerou Cecília Honório, dizendo que a equipa liderada por Passos Coelho é formada por «fanáticos ideológicos à deriva» que «só conhecem as folhas do Excel».
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