Angola: caso arquivado dois meses antes de desculpas de ministro - TVI

Angola: caso arquivado dois meses antes de desculpas de ministro

Rui Machete (Lusa)

Processo que envolvia PGR angolano foi arquivado em Julho mas só dois meses depois João Maria Moreira de Sousa foi notificado

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou hoje o arquivamento do «processo administrativo» relativo ao Procurador-geral da República de Angola, João Maria Moreira de Sousa, relacionado com branqueamento de capitais.

Segundo uma nota da PGR, o processo foi aberto em dezembro de 2011 após uma comunicação bancária efetuada ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), em cumprimento da lei de prevenção e repressão de branqueamento de capitais (Lei 25/2008), que transpôs para a ordem jurídica interna diretivas da União Europeia neste domínio.

«Efetuadas diligências e recolhida a informação necessária o Ministério Público considerou esclarecida e justificada a operação financeira objeto de investigação e determinou o arquivamento do procedimento por decisão proferida a 18 de julho de 2013, a qual foi notificada ao próprio (PGR angolano), por carta registada, no corrente mês» de outubro, diz a PGR, sem explicar as razões da demora na notificação.

O anúncio do arquivamento do processo relativo ao PGR de Angola ocorre depois de o Diário de Notícias ter noticiado, a 04 de Outubro, que o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, Rui Machete, em entrevista à Radio Nacional de Angola, pediu desculpa a Luanda por investigações do Ministério Público português a altas figuras do regime angolano.

«Tanto quanto sei, não há nada de substancialmente digno de relevo e que permita entender que alguma coisa estaria mal, para além do preenchimento dos formulários e de coisas burocráticas», disse então Rui Machete, justificando que a Procuradora-Geral da República «deu informações genéricas» que «asseguram que as coisas não tinham nenhum grau de gravidade».

Na sequência da polémica causada pela entrevista àquela rádio, e numa nota enviada à Agência Lusa, Rui Machete justificou as declarações com a interpretação de um comunicado do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) de 2012.

Esta situação levou toda a oposição a pedir a demissão do ministro, que foi chamado a dar explicações em sede de Comissão Parlamentar, mas o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse que mantinha a confiança em Rui Machete.

O caso gerou tensão nas relações Angola-Portugal, com o presidente angolano, José Eduardo dos Santos, a afirmar, a 15 de outubro, em Luanda, o fim da parceria estratégica entre os dois países, numa altura em que estava prevista para fevereiro de 2014 a realização da Cimeira Portugal-Angola na capital deste país africano de língua oficial portuguesa.
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