MP precisava de deter Pinto da Costa - TVI

MP precisava de deter Pinto da Costa

Pinto da Costa (Arquivo)

PJ só encontrou documentos do IRS de Carolina na busca domiciliária

Relacionados
O procurador-adjunto do inquérito «Apito Dourado» garantiu esta tarde, no Tribunal de Gondomar, que Pinto da Costa teve um tratamento igual ao de qualquer arguido e que, ainda que tivesse comparecido no tribunal às 11:30, como lhe tinha sido indicado, teria sido detido. De resto, uma diligência que considerou conforme com a lei.

Segundo Carlos Teixeira, naquela altura a estratégia processual impunha que o arguido fosse detido e ouvido o mais rapidamente possível. Isto porque tinham sido realizadas outras detenções, havia interrogatórios a decorrer e interessava que os arguidos fossem ouvidos no mesmo dia.

Além disso, mantinham-se os fundamentos do mandado de detenção: a necessidade de ouvir o arguido em primeiro interrogatório judicial e de lhe aplicar uma medida de coacção. Pinto da Costa estava indiciado de vários crimes e existia o perigo de perturbação do inquérito (destruição de provas) e de continuação da actividade criminosa.

Questionado pelo Ministério Público sobre se ordenou a detenção com o intuito de denegrir a imagem do dirigente portista, Carlos Teixeira foi categórico: «É claro que não».

«Só havia documentos do IRS de Carolina»

O inspector Casimiro Simões que participou na busca à casa de Pinto da Costa reiterou as declarações do inspector Nuno Pinto, ouvido de manhã, sobre a convicção de que o presidente portista terá sido avisado da busca domiciliária.

«Tudo estava arrumado menos a cama, parecia uma encenação». Só havia documentos de IRS da senhora Carolina, achámos muito curioso», atirou o responsável, acrescentando que de Pinto da Costa «não foi encontrado um único documento».

No dia 2 de Dezembro de 2004, altura em que foi realizada a busca, «a secretária do senhor Pinto da Costa estava cheia de presentes etiquetados para figuras ilustres. Parecia que estavam ali para serem abertos e ver se continham algo de ilícito», acrescentou.

Para este inspector não é habitual deter pessoas dentro do tribunal, mas nada obsta a que isso aconteça.

Jorge Marques, inspector da PJ, informou que foi mandado para o tribunal pelo superior hierárquico, por volta das oito da manhã, porque Pinto da Costa poderia aparecer e era preciso detê-lo.

Nuno Cardoso: detenção foi «uma violência»

Para o antigo presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso, a detenção de Pinto da Costa «foi uma violência». «As pessoas ainda acreditam na Justiça e pensam que algo de muito grave tem de acontecer para uma pessoa ser detida», insistiu o político, que é também amigo do presidente portista, e que apelida o processo «Apito Dourado» de «telenovela».

Já o director-geral da SAD portista, Antero Henrique, referiu que as pessoas ficaram «estupefactas com o arraial à volta da detenção. As pessoas convenceram-se de que o presidente tinha sido preso».

Igualmente ouvidos durante a tarde, como testemunhas de Pinto da Costa, Alípio Fernandes, director comercial do FCP e o médico Fernando Povoas, confirmaram que o líder portista ficou abalado e «vexado» com a detenção de que foi alvo.

Para o jornalista Trindade Guedes, testemunha do dirigente desportivo, «os jornalistas interrogaram-se sobre a razão de alguém que se apresentou voluntariamente ter ficado detido. Acho que foi mal feito», referiu, acrescentando que o gesto foi interpretado como «uma machadada no FCP».

O juiz Carneiro da Silva determinou a gravação da prova produzida em julgamento, apesar de as partes não o terem requerido. O julgamento será retomado no dia 10, às 9:30, para audição de Carolina Salgado e do inspector-chefe da PJ, António Gomes.

Pinto da Costa afirma-se vítima de detenção ilegal, que apenas visou dar-lhe «um tratamento vexatório» e que se traduziu em «lesão do direito à honra e bom nome», além de representar ainda uma «grosseira lesão do princípio da plenitude da liberdade». Reclama 50 mil euros de indemnização.
Continue a ler esta notícia

Relacionados