Pinto da Costa: prisão foi «legal» - TVI

Pinto da Costa: prisão foi «legal»

Pinto da Costa no Tribunal de Gondomar (Estela Silva/Lusa)

PJ explica por que acredita que o líder do FC Porto foi avisado da busca. Carolina Salgado faltou e vai pagar multa. Pinto da Costa conta com depoimento de ex-Presidente da República. Saiba o que diz Ramalho Eanes

Relacionados
A juíza que validou a detenção de Pinto da Costa, a 3 de Dezembro de 2004, confirmou esta manhã, durante o julgamento do processo do líder portista contra o Estado, que a detenção cumpriu a lei. «Considerei legal e continuo a considerar, à luz dos preceitos legais», referiu.

Ana Cláudia Nogueira, que falava por videoconferência a partir do Tribunal de São João da Madeira, referiu ainda ter a «certeza absoluta» de nunca lhe terem dito que o mandatário de Pinto da Costa tinha requerido a audição do líder portista como arguido. Tão pouco lhe disseram que o advogado do queria falar-lhe. «Se pediu, acho muito estranho que ninguém me tivesse dito», acrescentou.

O que soube «pela comunicação social», através dos funcionários, «é que o senhor Pinto da Costa ia apresentar-se no tribunal». Não deu credibilidade à informação: «preferi manter-me afastada do ruído», explicou.

Ana Nogueira referiu ainda que Pinto da Costa foi detido dentro do tribunal e «os detidos não estão livres para sair do tribunal».

Pinto da Costa cinco horas atrasado

Igualmente ouvido esta manhã, o procurador-adjunto Carlos Teixeira, que conduziu o inquérito ao «Apito Dourado», referiu, no Tribunal de Gondomar, que o advogado de Pinto da Costa requereu por escrito a inquirição do arguido. De preferência para a tarde de 3 de Dezembro, tendo-lhe respondido o magistrado por fax que podia comparecer «por volta das 11h30». O líder portista chegou às 16h25.

O magistrado referiu ainda não ter tido conhecimento nesse dia de um segundo requerimento que a defesa do presidente do FC Porto apresentou a solicitar a prorrogação do prazo para a tarde. Recorde-se que Pinto da Costa compareceu no Tribunal às 16h25, tendo sido de imediato detido.

Inquirido pelo advogado de Pinto da Costa sobre se alguma vez teria sustido o mandado de detenção até à hora prevista para a diligência, uma vez que o presidente do FC Porto ia apresentar-se voluntariamente, Carlos Teixeira respondeu com uma pergunta: «Suster o mandado? Porquê?».

Inspector acredita que Pinto da Costa foi avisado da busca domiciliária

Igualmente ouvido por videoconferência, o inspector da PJ Nuno Pinto, que participou na busca à casa de Pinto da Costa, a 2 de Dezembro de 2004, referiu ter ficado convencido que o líder do FCP tinha sido avisado do mandado de busca, pelo que não o encontrou em casa. Aliás, o motorista do presidente portista, que lhe abriu a porta às sete da manhã, teve «a reacção de quem já estaria à espera».

Inquirido pelo juiz sobre as razões que o levaram a desconfiar que Pinto da Costa teria sido avisado, o inspector referiu que se especializou dentro do processo no acompanhamento ao presidente do FCP. «Pelas conversas escutadas ficámos a saber que alguns documentos de interesse estariam em sua casa». A verdade é que quando efectuou a busca não encontrou nada. «Nunca me tinha acontecido não encontrar rigorosamente nada de interesse para o processo numa busca domiciliária».

Fernando Gomes: pessoas afastaram-se de Pinto da Costa

Fernando Gomes, ex-autarca do Porto e amigo de Pinto da Costa «há mais de vinte anos» confirmou em tribunal que o presidente do FC Porto sentiu «uma enorme revolta» e que se sentiu «vexado» pela detenção de que foi alvo.

Além disso, prosseguiu, «quando se tem sucesso, as pessoas gostam de estar coladas ao sucesso», mas nas semanas seguintes «as pessoas sentiam uma carga negativa à volta de Pinto da Costa e deixaram de aparecer». Fernando Gomes chegou a perguntar a amigos comuns por que motivo não apareciam no Dragão, tendo-lhe estes respondido que «não se sentiam confortáveis em aparecer na primeira fila ao lado de Pinto da Costa».

Sobre o amigo de longa data, garante, ser «uma pessoa de enorme rectidão e determinação com princípios».

O presidente do FCP reclama 50 mil euros de indemnização pelas «3 horas e 5 minutos» de «detenção ilegal». O julgamento prossegue a partir das 14 horas.
Continue a ler esta notícia

Relacionados