A maior sala de cinema do mundo - TVI

A maior sala de cinema do mundo

A maior sala de cinema do mundo

Filmes portugueses fazem sucesso na internet. «A curva» foi vista 1,5 milhões de vezes e causou furor em Taiwan. «DEZbeta» gera curiosidade ainda antes de estrear

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Perdidos de noite numa estrada na serra de Sintra, três amigos encontram uma mulher a pedir boleia. Convidam-na a entrar no carro. Um pouco mais à frente, numa curva, a jovem diz: «foi nesta curva que eu tive um acidente.. e morri». Nesse momento, o carro vira-se e eles têm um acidente.

Mais tarde, a polícia encontra a câmara de vídeo que os amigos traziam, com as imagens de tudo o que aconteceu. A jovem que pedia boleia, dizia chamar-se Teresa, o mesmo nome da vítima mortal de um acidente que ocorreu naquele local em 1983.

Com sete minutos e três segundos, «A curva» é a curta-metragem portuguesa mais vista. Baseado num mito urbano, o filme foi visto um milhão e meio de vezes, sem nunca ter estado em exibição numa sala de cinema, apenas graças à internet. Mas não foi o autor que o colocou na net. Em entrevista ao Público, David Rebordão realizador de «A curva» diz que não sabe quem foi, mas afirma: «um dia tenho que lhe dar um abraço».

O Blair Witch português

Além do alcance da internet, o sucesso do filme deve-se à aura de mistério e controvérsia que se criou: será realidade? Será ficção? No YouTube é descrito como «um acidente real causado por um fantasma» e nas televisões sul-americanas foi apresentado como «a prova de que os fantasmas existem».

No YouTube, há versões de «A curva» colocadas por utilizadores espanhóis, italianos, brasileiros, malaios. E o filme aparece legendado nas mais variadas línguas, incluindo japonês. Há até quem garanta que investigou e que ocorreram realmente dois acidentes naquele local: o que vitimou Teresa Fidalgo e o segundo, anos depois, onde morreram dois dos três ocupantes, deixando uma prova em vídeo do sucedido.

No guestbook do site de «A curva», um visitante deixou a seguinte mensagem: «Sou estudante nos EUA e ouvi falar da curta-metragem «A curva» a partir de um colega de Taiwan. Parece que «A curva» fez furor por lá, e o facto de não entenderem português intensificou o mito. Aparentemente ainda acreditam que se tratou de um acidente a sério».

O segredo do sucesso de «A curva» é precisamente essa indefinição. «Estive para convidar o Tiago Castro [o Crómio, dos Morangos com Açúcar]. Bastaria isso para que tudo falhasse», reconheceu o realizador, em entrevista ao DN. Optou, então, por escolher actores sem uma personagem cravada, ensaiados para falarem como pessoas de carne e osso. Junta-se depois a má iluminação, a imagem desfocada e parece que estamos realmente a ver um vídeo amador.

«A Curva conseguiu mais do que qualquer outro filme português, a internacionalização», afirmou o realizador ao DN. Agora, com um filme de sucesso, mas sem orçamento para realizar o próximo, David Rebordão utiliza a mesma técnica. Colocou um teaser da série que está a realizar e apela a todos os que gostarem que enviem um e-mail para as estações de TV portuguesas a «manifestar vontade de verem produzida por essa estação, esta série inovadora em Portugal».

Estreia na internet

«Dez estórias, dez realizadores, dez vidas» em dez minutos. «DEZbeta» é o primeiro filme português que estreia na internet, no próximo dia 10 de Março.

Há séculos que a povoação da Aldeia das Dez guarda um segredo. Um tesouro de riqueza incalculável foi dividido pelas Dez mulheres que à terra deram o nome. As peças que o revelam foram também divididas. Com o passar das gerações as peças foram-se afastando, resta agora apenas a lenda... é esta lenda que conta «DEZbeta».

Ainda antes de estrear, «DEZbeta» tem gerado curiosidade, o que prova que o caminho para reconciliar o público com o cinema português passa muito pela internet.
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