Santa Maria diz que, afinal, conhecia alerta da Roche - TVI

Santa Maria diz que, afinal, conhecia alerta da Roche

Director clínico do Hospital Santa Maria, João Correia da Cunha

Comissão de farmácia e terapêutica conhecia situação. Inspecção Geral das Actividades em Saúde investiga

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O Hospital de Santa Maria admite que afinal a comissão de farmácia e terapêutica do Centro Hospitalar de Lisboa Norte teve conhecimento do alerta do laboratório Roche, emitido em Fevereiro.

Ainda assim, e apesar do fármaco não estar aprovado para utilização oftalmológica, o hospital entendeu, à semelhança do que se passa noutros hospitais por todo o mundo, continuar a utilizar o Avastin, um fármaco de grande eficácia e com baixa taxa de acções adversas. Até porque, refere o hospital, não existe nenhum outro medicamento aprovado para o tratamento de situações clínicas de grande gravidade como aquelas em que o Avastin foi utilizado.

Sobre a carta-circular do Laboratório Roche, que terá chegado ao hospital em 13 de Fevereiro, a instituição salienta que «as 25 notificações espontâneas, ocorridas no Canadá até 26 de Novembro de 2008, terão correspondido a eventuais acontecimentos adversos associados a um lote particular do medicamento, sem que tivesse sido estabelecida qualquer relação de causalidade entre a utilização do fármaco e os citados eventos».



«A descrição clínica dos acontecimentos referidos não indiciou gravidade suficiente para impor a suspensão da utilização do fármaco, como se depreende da própria carta-circular do Laboratório», esclarece o hospital, explicando ainda porque é que o fármaco é utilizado nestes casos:



«Não obstante ser conhecida a não aprovação formal da utilização do fármaco bevacizumab por injecção intra-vítrea, se tem verificado em todo o mundo o seu emprego generalizado em contexto «off-label» em Oftalmologia, à semelhança do que ocorre com muitos outros fármacos utilizados por esta, como por muitas outras especialidades médicas. O racional da utilização deste medicamento nestas condições resulta da circunstância de que, até ao momento, não existe nenhum outro fármaco com aprovação para tratamento de situações clínicas de grande gravidade como aquelas em que o produto é utilizado e onde este tem provado grande eficácia, com baixa taxa de incidência de acções adversas».

«Prioridade máxima na investigação

A Inspecção Geral das Actividades em Saúde (IGAS) está a investigar com «prioridade máxima» este caso, tendo visitado o Hospital Santa Maria na manhã desta quinta-feira.



De acordo com fonte da IGAS, citado pela agência Lusa, o inquérito foi aberto na terça-feira e só deve estar concluído quando forem obtidas as provas documentais, testemunhais e periciais necessárias. A investigação levará ainda em conta pareceres técnicos, nomeadamente da autoridade que regula o sector do medicamento em Portugal (Infarmed).



Uma das razões que levou a IGAS a dar «prioridade máxima» a este processo prende-se com o facto de poder estar em causa a confiança dos doentes num hospital como o de Santa Maria, o maior do país.
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