O ex-deputado do PS, Paulo Pedroso, foi chamado esta quarta-feira de manhã ao tribunal de Monsanto, onde decorre o julgamento do propcesso «Casa Pia», para ser ouvido como testemunha arrolada pela defesa de Carlos Cruz. Recorde-se que o político foi acusado pelo Ministério Público (MP) no ambito deste processo e esteve em prisão preventiva durante quatro meses. Após a instrução «não foi pronunciado» como arguido e, por isso, não está a ser julgado.
Até ao momento, o ex-deputado do PS apenas foi questionado por Ricardo Sá Fernandes, advogado de Carlos Cruz, e a inquirição irá continuar durante a tarde. Garantiu que «nunca participou em orgias sexuais de qualquer tipo» e que não conhece as testemunhas que o «difamaram e caluniaram». Acrescentou ainda, ter agido judicialmente contra estas sempre que repetiram as afirmações, «mesmo as que foram feitas em tribunal» e que tomou conhecimento através dos órgãos de comunicação social.
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Paulo Pedroso garantiu em sede de julgamento que de todos os arguidos apenas conhecia de forma «protocolar e institucional» o arguido Manuel Abrantes, com quem esteve em várias «reuniões de trabalho no ministério da Segurança Social». Os restantes, apenas «conheceu» enquanto «arguido» no Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL). Carlos Silvino, «Bibi», conheceu numa acareação na instrução do processo.
Sobre as duas casas referidas no processo, em Elvas e no Restelo, diz nunca ter entrado. Em Elvas apenas esteve de passagem «quando ia para Madrid» e «numa reunião pública na campanha de Ferro Rodrigues para secretário-geral do Partido Socialista».
Na zona do Restelo apenas admitiu ter entrado na Fundação José Fontana.
Ricardo Sá Fernandes questionou ainda Paulo Pedroso sobre alegadas filmagens feitas numa residência onde estaria Ferro Rodrigues e Jaime Gama. Mas este recusou a sua existência e, com alguma ironia, acrescentou duvidar das capacidades de «Ferro Rodrigues» para mexer numa câmara de vídeo.
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João Guerra esteve presente no exame médico
Questionado sobre se tinha uma mancha na sua nádega, Paulo Pedroso negou. Confirmando ter sido sujeito a um exame médico, disse rever-se nos resultados do mesmo. No entanto, o ex-deputado acusou o procurador do MP João Guerra de ter estado presente na perícia e de ter interferido na mesma. Dando «ordens para procurar aqui e ali» dizendo «para se voltar para a esquerda ou para a direita». «No final do exame», explicou, «escrevi uma carta sobre o que tinha acontecido e entreguei ao meu advogado».
Quem era o embaixador «R»?
A defesa de Carlos Cruz pediu ainda ao ex-deputado socialista para explicar algumas expressões gravadas numa escuta, a uma conversa com Ferro Rodrigues, como «o embaixador "R" e o "alerta amarelo"». No primeiro caso Pedroso disse estar a referir-se ao ataque que uma coluna diplomática tinha sido alvo no Iraque e da qual fazia parte «o embaixador russo». «Era o primeiro aniversário do Governo de Durão Barroso e ia haver uma conferência de imprensa após o conselho de ministros», recordou Pedroso. «Não sabíamos o conteudo da conferência e era preciso estarmos preparados para responder. Poderia ser eu, o secretário-geral ou Eduardo Cabrita», acrescentou. Qualquer um poderia reagir às declarações do executivo e tudo «iria depender do tema da conferência».
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É também daí que vem a expressão «alerta amarelo», garantiu «porque os três tinhamos de estar preparados para intervir», justificou.
Paulo Pedroso confirmou que foi ministro da Segurança social «desde a queda da Ponte até à queda do governo», mas negou alguma vez ter tido a tutela directa da Casa Pia de Lisboa. Enquanto foi secretário de Estado a tutela era de «Rui Ramos, nomeado por Ferro Rodrigues» e enquanto ministro Pedroso nomeou para a pasta «Simões de Almeida».
Antes da inhterrupção para almoço da sessão, o ex-ministro explicou ainda as quatro situações em que esteve na CPL ou em colégios da instituição».
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