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«Há incompetência na polícia»

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Inspector-geral da Administração Interna diz em entrevista que há «intolerância» na relação com o cidadão e considera que «há muita "cowboyada" de filme americano na mentalidade de alguns polícias». «Em dois anos, na GNR registaram-se sete dos 10 mortos em perseguições». «Inspector-geral deve ser demitido»

[Artigo actualizado às 14h32]

O inspector-geral da Administração Interna considera que as perseguições da GNR são «iniciadas por motivos inadequados» e que há «muita intolerância» da polícia na relação com o cidadão e muita «exibição da pistola», em entrevista ao semanário Expresso, excreve a Lusa.

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«Problemas mais graves temos na área da intervenção da GNR com perseguições policiais iniciadas por motivos que me parecem inadequados, como por exemplo, por passar um sinal vermelho ou desobedecer a uma ordem de paragem numa operação "stop"», afirmou Clemente Lima, na entrevista publicada parcialmente sexta-feira na edição «on-line» do jornal.

Clemente Lima defende que «as perseguições policiais criam uma adrenalina própria e geram, muitas vezes, asneira», lembrando que, «nos últimos dois anos, na GNR registaram-se sete dos 10 mortos em perseguições».

O inspector-geral da Administração Interna atribui essa «patologia» ao «padrão militarizado de actuação» da Guarda Nacional Republicana, em que os jovens oficiais, formados na Academia Militar, «olham para o cidadão como o inimigo».

Na entrevista, que é publicada na íntegra na edição impressa de sábado, Clemente Lima sustenta que «o cumprimento da missão a qualquer preço, por parte dos agentes da autoridade», pode «agravar o sentimento de insegurança» dos cidadãos.

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«Há por aí muita "cowboyada" de filme americano na mentalidade de alguns polícias, muito gosto na exibição da pistola, por andar à paisana», afirmou, advogando que «as zonas de investigação criminal precisam de ser mais controladas».

Clemente Lima entende que «há muita impertinência, intolerância, impaciência da parte da polícia» no «atendimento ao cidadão», que, a seu ver, é sinal de «incompetência».

«Acho isto intolerável. E ainda mais intolerável é a atitude das chefias, de alguma tolerância face a estes comportamentos», afirmou, acrescentando que «há carências absurdas» na GNR e PSP ao nível da formação em direitos fundamentais do cidadão.

«Leitura muito clara»

A Associação de Profissionais da Guarda considera que o inspector-geral da Administração Interna fez uma «leitura muito clara» da actual situação daquela força de segurança na entrevista, em que critica a actuação da PSP e GNR.

«Temos uma leitura muito próxima, já manifestada por diversas vezes, inclusive junto da tutela», disse à agência Lusa o presidente da associação, José Manageiro.

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Para este profissional, a GNR está hoje «pior do que há alguns anos», nomeadamente no «acentuar da vertente militar», que a «descaracteriza enquanto força de segurança».

Segundo o líder da Associação de Profissionais da Guarda, não é possível que um sector profissional «sem direitos», seja ele qual for, possa «reconhecer e respeitar os direitos dos outros».

«Mão-de-obra barata»

«O que se passa na GNR é o recurso a mão-de-obra barata», afirmou José Manageiro, reclamando uma modernização ao Governo. Isso influencia o serviço prestado às populações», considerou, acrescentando que o Governo insiste «num modelo obsoleto».

«Temos uma força de segurança que é enquadrada por oficiais generais das Forças Armadas e a formação de novos oficiais, que são os futuros líderes da instituição, é feita na Academia Militar», criticou, referindo que Portugal é o único país da Europa onde tal acontece.

Segundo José Manageiro, trata-se de um sistema que «não serve os cidadãos, nem serve o país».

Já o Sindicato Nacional de Polícia (SINAPOL) exigiu este sábado a demissão imediata do inspector-geral da Administração Interna, na sequência das polémicas declarações deste responsável à actuação das forças de segurança.

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