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«O berço espera pela bebé»

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Mais de um ano depois, Albino e Maria Isaura voltaram a sorrir. Já sabem onde está a filha, que desapareceu do Hospital de Penafiel três dias depois de ter nascido. A realidade humilde de uma família que nunca desistiu de acreditar

O almoço foi simples, como sempre: arroz de grelos com chouriço. Uma refeição «normal», sem celebrações, para o casal Albino e Maria Isaura, os pais da bebé raptada em Penafiel que apareceu mais de um ano depois de ter sido levada do Hospital Padre Américo. À «espera» de Andreia está um berço, as roupinhas herdadas dos irmãos, uma casa extremamente humilde e «uma felicidade muito grande».

No lugar de Regadas, freguesia de Cernadelo, em Lousada, toda a gente sabe onde vivem os «Parranos», como são conhecidos. São «gente da terra», que vive na mesma casa há 17 anos. Uma habitação rural, alugada, feita de pedra, portas degradadas, fogueira na cozinha e um terreno para arado. Vivem do cultivo, da vinha e «de coser uns sapatos para uma vizinha», que tem um pequeno negócio.

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Por estes dias, os pais só aguardam pela chegada a casa da sétima filha, que «vai ser mais acarinhada do que todos os outros, é claro», confessou o senhor Albino Pinto ao PortugalDiário, enquanto procurava responder com agrado e simplicidade a todos os jornalistas presentes no local. As entrevistas sucederam-se, «mas é por uma coisa boa». A mãe não consegue esconder o ar de felicidade.

«O que me interessava saber era da menina. Mantemos a queixa contra o hospital e agora só espero que seja feita justiça em relação à mulher que nos levou a menina. Uma coisa daquelas não se faz, por isso é melhor que alguém faça alguma coisa», frisou Maria Isaura, não conseguindo expressar totalmente o sentimento em relação a quem raptou a sua filha: «Como é que hei-de olhar para ela depois de tudo o que nos fez?».

A última noite foi passada em sobressalto, «com uma enorme ansiedade». Apesar das inúmeras entrevistas e solicitações, o casal ainda não viu nada na televisão, nem leu os jornais. A «rotina» mantém-se e só poderá ser quebrada «quando a menina chegar a casa». À sua espera tem um berço e a certeza de que será muito acarinhada, apesar das dificuldades económicas sentidas pelos pais.

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Uma festa dos vizinhos

Falta pouco para acabar com o sofrimento, com a espera, com a incerteza. «A Polícia Judiciária só me disse que a menina deverá ser entregue durante o fim-de-semana. Ontem, vieram cá a casa buscar-nos, porque tínhamos os telemóveis desligados, e fomos fazer todos os testes. Vê-la outra vez, pegar-lhe ao colo, mesmo por pouco tempo, foi uma enorme felicidade. Agora, esperamos que nos digam mais alguma coisa», explicou Maria Isaura, que ainda não sabe se a menina tem recebido cuidados de saúde especiais. «Parecia ter saúde».

Crente em Nossa Senhora, como é evidente na humilde casa, com estatuetas e imagens alusivas, a mãe de Andreia Elisabete já tem a certeza de que vai cumprir uma promessa há muito feita: «Quero ir a pé até Fátima com ela ao colo, para agradecer este milagre de Nossa Senhora. Também a quero baptizar, como fiz com todos os irmãos, no santuário de Nossa Senhora da Aparecida». Apesar da pobreza sentida no dia-a-dia, o casal assegura que a bebé «vai ter condições».

Albino e Maria Isaura estão habituados a criar filhos. Este é o sétimo, «e nunca pediram ajuda» à vizinha Dona Fátima, que acompanha o quotidiano do casal de muito perto: «São reservados, mas quem criou cinco filhos, cria seis ou sete». A verdade é que dois deles vivem com os padrinhos e a mais velha, de 17 anos, está em casa dos avós paternos. Paulo, o segundo, com 15 anos, começou nesta segunda-feira a tirar um curso de Formação Profissional em Lousada, livrando-se dos biscates que fazia numa serralharia de Cernadelo.

Os três irmãos que vivem em casa com os pais «ficaram muito contentes» e já foram fazendo algumas perguntas. «A menina tem mesmo a cara dos irmãos. Foi só olhar para ela para ficar com a certeza», conta Maria Isaura, que deverá viver um fim-de-semana diferente. Isto porque os vizinhos já estão a preparar uma festa-surpresa para receber a menina de um ano e 27 dias.

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